O Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) atendeu ao pedido do Ministério Público Federal (MPF) a denúncia contra Cássia Kis, de 66 anos, e vai processar criminalmente a atriz por homofobia.
A artista responderá pelas declarações preconceituosas que teve durante entrevista à jornalista Leda Nagle, de 73, em 2022. Na ocasião, ela afirmou que casais homoafetivos seriam um “destruição para a vida humana” e ameaçam os seus princípios sobre família.
“Não existe mais o homem e a mulher, mas mulher com mulher e homem com homem. O que está por trás disso? Destruir a família, sem dúvida nenhuma. E não só. Destruir a vida humana, na verdade, porque que eu saiba homem com homem não dá filho, mulher com mulher também não dá filho. Como a gente vai fazer?”, declarou.
“Porque se você tem um casal gay é uma coisa quando eles querem adotar uma criança, mas e quando não tiver mais? Porque, afinal de contas, isso ainda é gerado dentro do útero de uma mulher e você ainda precisa de um óvulo e de um espermatozoide, sim, pra isso acontecer”, acrescentou ela.
“Essa ideologia de gênero que já está nas escolas. Eu recebo as imagens inacreditáveis de crianças de 6, 7 anos se beijando, em um espaço chamado ‘beijódromo’ ou algo assim”, afirmou na mesma entrevista, sem exibir qualquer prova de tais alegações.
De acordo com as informações do colunista Gabriel Vaquer, do portal F5, do jornal Folha de S. Paulo, foram três sugestões de ação civil pública, todas feitas em 2022. Apenas agora, porém, uma delas foi aceita pela Justiça Federal, que será analisada pelo juiz Mauro Luis Rocha Lopes. Cássia pode ser condenada a pagar até R$ 1 milhão caso seja acusada.
A queixa-crime contra Kis partiu de José de Abreu, de 78, e do coletivo Articulação Nacional dos Transgêneros (ANTRA). O ator é pai de uma mulher trans, Bia de Abreu, de 23, e se sentiu ofendido com o discurso homofóbico da colega de profissão dois anos atrás.
Além deste caso, Cássia Kis também está sendo processada pelo Grupo Arco-Íris, que pede uma indenização coletiva de R$ 250 mil. A ONG em questão milita pelos direitos da classe LGBTQIAPN+ e planeja destinar os recursos a programas que combatem a homofobia no meio cultural.