REPRESENTATIVIDADE

Silvio Santos foi pioneiro ao colocar drag queens, travestis e trans na televisão

Silvio Santos com a drag queen Penelopy Jean e a Miss Trans Internacional Ava Simões - Divulgação/SBT/Lourival Ribeiro
Silvio Santos com a drag queen Penelopy Jean e a Miss Trans Internacional Ava Simões - Divulgação/SBT/Lourival Ribeiro

Por muito anos a luta LGBTQIAPN+ foi invisibilizada na televisão. Antes mesmo que a discussão se ampliasse, o maior comunicador da TV brasileira, com uma carreira que se estendeu por mais de 60 anos, entre tantos feitos em sua trajetória, Silvio Santos que morreu aos 93 anos de idade neste sábado (17/08), será também lembrado por ter sido um dos pioneiros ao dar visibilidade para drag queens, travestis e trans.

O apresentador repleto de bordões, conhecido pelas invovações que levou para telinhas à frente do Programa Silvio Santos, que comandava desde 1963, e do Sistema Brasileiro de Televisão, o SBT, que entrou no ar em 1981, criou o Concurso de Transformistas, expressão da época, quadro apresentado por ele entre entre as décadas de 1980 e 1990, num tempo em que pouco se falava sobre a comunidade LGBTQIA+.

Na atração, o animador avaliava o trabalho de maquiagem, os vestimentos, a oratória necessários para a transformação e ele sempre se mostrou curioso por suas histórias e as preparações para os números das participantes. Ao longo dos anos, numa das emissoras mais assistidas do país, passaram concorrentes antes mesmo de assumirem a sua verdadeira identidade gênero, como Ava Simões.

Em junho de 2022, ela retornou ao programa três anos após se tornar Miss Trans Internacional, ao lado de diversas drag queens e transexuais, como Paulette Pink, Penelopy Jean, Dimmy Kieer, Deendjer Ti, Deendjer Vi, e Silvio aproveitou para sanar questionamentos a respeitos da transexualidade, ou seja, termo que se refere quando uma pessoa não se identifica com o gênero que lhe foi designado ao nascer.

Até o final da vida, Silvio continuou abrindo as portas de seu programa para a arte e a beleza da comunidade LGBT+, mesmo assim, muitos membros resistiram a elogiar o comportamento do comunicador. Conhecido por acusações de homofobia nos anos anteriores, em muitas ocasiões, ele chegou a perguntar, por exemplo, se a artista trans que estava no palco era “homem”, também era comum xingamentos homofóbicos como “bicha”.

Além de ter apoiado o ex-presidente da República Jair Messias Bolsonaro (PL). Entretanto, muitos defendem o Rei da TV, apontando que ele era um idoso e de “outra época” e que foi responsável por desmistificar e trazer à luz para uma parcela então marginalizada da população, inclusive pela Antra, a (Associação Nacional de Travestis e Transexuais).

Silvio deixa a mulher Íris Abravanel, com quem era casado desde 1978 e teve as filhas Daniela Patrícia, Rebeca e Renata. Também deixa as filhas Cíntia e Silvia, do primeiro casamento, com Cidinha, que morreu em 1977, 14 netos e 4 bisnetos.