ENTREVISTA

Nany People fala sobre o mercado para travestis na televisão: "Estamos sendo vistas, ouvidas e respeitadas"

Atriz também fez um desabafo sobre a votação no Congresso que pretende proibir o casamento LGBT no Brasil

Nany People
A atriz Nany People (Foto: Divulgação)

Nesta terça-feira (07), a atriz e humorista Nany People, de 58 anos, falou sobre o seu espetáculo Nany é Pop! que estreia no Rio de Janeiro nesta semana. Em entrevista à Veja, a veterana analisou a nova geração da comunidade LGBTQIA+ no Brasil e destacou o crescimento da oferta de trabalho para mulheres travestis na dramaturgia nacional.

“Tem uma geração que acha que a vida aconteceu depois que inventaram o Tik Tok. O que mais me emociono são pessoas jovens me reconhecendo, me agradecendo”, relatou a artista.

Nany People também analisou o mercado televisivo atual, com papéis sendo oferecidos para mulheres trans e travestis em diversas produções. “Acho que não só aumentou, como agora a gente tem conseguido respeitabilidade até no próprio ambiente de trabalho. Fiz cinco audiovisuais em menos de seis meses. Fiz um filme que chama Vai ter troco, onde faço uma empregada desconstruída. Fiz Um dia cinco estrelas, onde faço uma mãe cis… O mercado se expandiu muito. Estamos sendo vistas, ouvidas e respeitadas, embora o caminho seja longo”, destacou ela.

Ainda na entrevista, a atriz lamentou a votação no Congresso que pretende proibir o casamento entre pessoas do mesmo sexo no Brasil.

“Isso é cortina de fumaça que a bancada evangélica levanta, sobre a moral da lei dos bons costumes. Te garanto que conheço muito pastor evangélico que faz coisas que nem o diabo sabe fazer. Então fica essa cortina, de voltar atrás de uma coisa que é constitucional. E tentar mexer nessa lei é como dizer que racismo não existe. Você fere diretamente o direito de ser, estar, permanecer e ficar numa sociedade. Nem eles são padrões de exemplo. Eles fazem isso para distrair a população de coisas muito mais importantes que temos que pensar”, concluiu Nany People.