O infectologista Vinícius Borges, mais conhecido como Doutor Maravilha nas redes sociais, fez um post explicando as dúvidas de pacientes soropositivos preocupados com e possível epidemia de coronavírus chegando no Brasil. Confira resposta:
Respondendo à esta dúvida muito frequente no meu inbox, decidi falar sobre as peculiaridades da infecção pelo coronavírus em pessoas vivendo com HIV/Aids. Até o momento, não há evidências de que pessoas vivendo com HIV corram maior risco de infecção pelo COVID-19 ou mesmo de apresentar uma forma mais grave da doença.
Os principais fatores de risco para mortalidade são a idade avançada e comorbidades, incluindo doenças renais e diabetes. Alguns grupos com supressão imunológica relativa, como mulheres muito jovens e grávidas, não parecem estar em maior risco de complicações, embora os números ainda sejam muito pequenos.
A Public Health England recomenda que os médicos estejam atentos à possibilidade de apresentações atípicas (sintomas menos comuns, mais frustros) em pacientes imunocomprometidos.
Teoricamente (extrapolando), indivíduos com CD4 menor que 350 apresentam grau de imunodepressão maior e, portanto, poderiam apresentar desfechos piores. Assim como os indivíduos com CD4 acima de 500 geralmente apresentam os mesmos resultados de pessoas não infectadas. Mas são suposições.
Uma observação interessante é que a população de pessoas vivendo com HIV tem envelhecido, e este sim pode ser fator de risco considerável. Portanto, os idosos e idosas precisam de atenção redobrada.
De qualquer maneira, não há motivo para pânico, continuem firmes nas medidas de higiene das mãos e de superfícies e na etiqueta respiratória.
Ainda não há evidência de que os antirretrovirais previnam a infecção pelo coronavírus. Os estudos clínicos para TRATAMENTO da infecção com o lopinavir/ritonavir ainda estão em andamento. Quando eu obtiver mais informações, claro que vocês serão os primeiros a saber.