Uma menina de 9 anos de idade foi obrigada a subir em um palco, durante uma apresentação de Dia dos Pais, mesmo sendo filha de um casal lésbico. A garota também foi obrigada a participar de uma foto com os demais colegas e seus pais, mesmo sem nenhuma pessoa da família presente.
De acordo com as informações do portal G1, o caso, que foi denunciado à Polícia Civil, aconteceu na última sexta-feira (09/08), na unidade do Colégio Elo em Candeias, localizado no Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife. A jornalista Maira Moraes, mãe da criança, contou que ficou sabendo do episódio após a matriarca de um colega de turma entrar em contato, perguntando como a menina estava depois de ter chorado durante o evento.
“O amiguinho estava lá na apresentação do Dia dos Pais e disse que a ‘tia’ obrigou ela a participar. E ela não quis, né? Ela ficou triste e chorosa com isso e o colega tentou consolar. Outra mãe, de um outro colega, foi quem ajudou. Tirou ela de lá e ficou com ela no colo durante a apresentação”, explicou.
De acordo com Maira, o protocolo da escola para crianças em situações similares seria que elas permanecessem em sala de aula, sendo assistidas por outra professora, enquanto a atividade acontecia, como nos anos anteriores, mas ignorada desta vez, mesmo com a herdeira pedindo para continuar no local.
Após o evento, a filha não comentou sobre o ocorrido, mas ela soube que uma profissional da unidade escolar teria solicitado que a estudante tirasse uma foto ao lado dos outros alunos e seus pais, deixando a garota ainda mais triste e constrangida.
Após ser informada do caso, Maira Moraes contou o ocorrido à outra mãe da filha, a fonoaudióloga Nathalia Lins. A matriarca buscou a coordenação do Elo para entender porque a recomendação de deixar a aluna em sala de aula não foi seguida. Segundo Nathália, a equipe que estava no turno da tarde disse não saber o que teria acontecido na comemoração pela manhã e justificou que a instituição era uma “escola tradicional”, o que aumentou ainda mais a insatisfação das mães.
“Quando cheguei, pedi para falar com os responsáveis para entender o que tinha acontecido. Estavam duas coordenadoras e, para minha surpresa, elas não sabiam de nada, o que eu achei mais preocupante ainda. Justifiquei que o Dia dos Pais é muito sensível e elas falaram: ‘somos uma escola tradicional'”, afirmou.
Inconformadas com a situação e buscando proteger os direitos de sua filha, o casal decidiu registrar um Boletim de Ocorrência (BO) na Polícia Civil, baseando-se no artigo 232 do Estatuto da Criança e do Adolescente, que considera crime submeter uma criança ou adolescente a vexame ou constrangimento.
Em nota, a Polícia Civil confirmou que a ocorrência foi registrada no dia 12 de agosto e que as investigações estão em andamento. O caso está sendo conduzido pela Delegacia de Crimes contra a Criança e o Adolescente e, segundo as autoridades, a apuração dos fatos seguirá até que todas as circunstâncias sejam esclarecidas. As matriarcas esperam que o caso sirva de alerta para a importância do respeito à diversidade familiar nas instituições de ensino.