Violência

Domicílio é o principal local de morte violenta de pessoas LGBT+ no Brasil

No Brasil, a residência é o local com maior número de mortes violentas contra pessoas LGBTQIA+. A maioria das vítimas são jovens brancos.
No Brasil, a residência é o local com maior número de mortes violentas contra pessoas LGBTQIA+. A maioria das vítimas são jovens brancos. | Imagem criada com auxílio do ChatGPT (OpenAI).

O que deveria ser sinônimo de refúgio se transformou em cenário de tragédias para a população LGBT+ no Brasil. Segundo levantamento do Grupo Gay da Bahia (GGB), 32,3% das mortes violentas de pessoas LGBT+  ocorreram dentro de casa. As principais vítimas são jovens adultos brancos, com idades entre 26 e 35 anos.

O lar, espaço que deveria ser de acolhimento e proteção, foi o principal palco de mortes violentas contra pessoas LGBT+ no Brasil em 2024. É o que revela o mais recente levantamento do Observatório do Grupo Gay da Bahia (GGB), uma das principais entidades de monitoramento da violência contra a comunidade no país. Segundo o relatório, 94 das 291 vítimas registradas foram mortas dentro de suas próprias casas, o que corresponde a 32,30% do total.

Os dados indicam que os logradouros públicos (ruas, avenidas e praças) também ocupam lugar de destaque, sendo palco de 20,62% dos casos. Locais de difícil acesso ou afastados, como matas, bosques ou matagais, concentraram 8,59% dos crimes. Já as estradas e rodovias aparecem com 3,44%, seguidas de rios e córregos (3,09%), bares, boates e prostíbulos (2,41%), hospitais (2,07%), praias e canaviais (com 0,69% cada), e salões de beleza (0,34%). Em 25,78% dos casos, o local não foi informado.

Jovens adultos são os principais alvos

A faixa etária mais atingida pela violência foi a de 26 a 35 anos, com 22,68% das vítimas, seguida por pessoas entre 36 e 45 anos (17,87%) e 19 a 25 anos (14,78%). Chama atenção a quantidade de registros com a idade não informada (NI), que totaliza 19,59%, o que pode indicar falhas na coleta de dados ou na notificação oficial dos crimes.

Crianças e adolescentes entre 5 e 18 anos representaram 5,5% das mortes violentas, enquanto pessoas com mais de 66 anos compõem 1,03% dos casos — evidenciando que, apesar de ser uma violência que atinge majoritariamente jovens adultos, não poupa nenhuma faixa etária.

Brancos lideram entre as vítimas identificadas por cor

Em relação ao perfil racial das vítimas, pessoas brancas aparecem como maioria entre os casos identificados, com 39,52% dos registros. Pessoas pardas ou pretas representam 27,15%. No entanto, 33,33% dos casos não tiveram a cor da vítima informada — uma lacuna preocupante que pode comprometer análises mais profundas sobre o recorte racial da violência LGBT+ no Brasil.

Um cenário alarmante

Com 291 mortes violentas registradas em 2024, o Brasil segue como um dos países mais perigosos para a população LGBT+, de acordo com o GGB, que há décadas sistematiza e denuncia as violações de direitos humanos sofridas por essa comunidade. O levantamento leva em conta assassinatos motivados por ódio, discriminação, transfobia, homofobia, lesbofobia, entre outras formas de violência.

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