A imprensa peruana repercutiu uma denúncia alarmante de que membros da tribo indígena Awajún torturaram meninos por serem considerados “afeminados”.
Os atos de violência, que incluem a humilhação de jovens obrigados a rodar sobre “ishanga” — planta urtigosa que causa forte ardor e inflamação — foram registrados em vídeos que repercurtiram amplamente nas redes sociais no início do mês, na cidade de Bagua, na selva amazônica. Nas gravações, eles choravam e gritavam de dor.
O ativista Euner Kajekui, que pertence à mesma tribo indígena, relatou que essas práticas são comuns na cultura local e compartilhou sua própria experiência de ter sido submetido a esses castigos na infância.
Em uma entrevista ao canal local Latina, Kajekui denunciou que muitos integrantes da comunidade Awajún consideram a diversidade sexual como uma doença mental, levando a ações violentas e, em casos extremos, a assassinatos de jovens e mulheres indígenas trans.
“Muitos praticaram essas ações, nos rotulando como doentes mentais. Entre eles, muitos jovens foram assassinados, entre eles mulheres indígenas trans. Não estou me vitimizando, isso é real. Muitos gays foram assassinados. Se falamos de boa vida como povos indígenas, nenhum ser humano deveria ser assassinado por sua orientação sexual, ou por decidir quem são, ou por decidir como querem ser”, destacou.
Após a divulgação dos vídeos, o Ministério da Mulher e das Populações Vulneráveis do Peru condenou veementemente qualquer forma de agressão contra crianças e adolescentes, comprometendo-se a identificar e proteger as vítimas. O Ministério da Cultura e o Centro de Promoção e Defesa dos Direitos Sexuais e Reprodutivos também se manifestaram, enquanto o Governo Territorial Autônomo Awajun afirmou que tais atos não representam práticas culturais de seu povo e exigiu punição para os responsáveis.