Por André Junior
O deputado federal David Miranda (PSOL-RJ) afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que encaminhou à Polícia Federal (PF) na última terça-feira (11), e-mails que recebeu com ameaças de morte contra ele e sua família.
A denúncia do deputado acontece logo após o seu marido Glenn Greenwald, jornalista e fundador do site The Intercept, publicar uma matéria polêmica que ganhou destaque internacional sobre um escândalo dentro da Lava Jato.
Miranda ressalta que desde o dia 13 de março sobre ameças em redes sociais (data em que assumiu a cadeira de Jean Wyllys na Câmara dos Deputados). Os ataques homofóbicos se intensificaram com o tempo e hoje afetam até mesmo os filhos do casal. Em entrevista ao Observatório G, David aborda a LGBTfobia e faz um apelo para que a sociedade combate veemente as “fake news” do dia a dia.
David, essas ameaças são recentes ou você as recebe desde o dia em que assumiu o cargo de deputado federal?
“As ameças começaram assim que eu recebi o mandato, elas começaram na deep web e depois pelas redes sociais. A gente protocolou no dia 13 de Março junto à Policia Federal e temos um inquérito aberto até então. As ameças se intencionaram após uma publicação do meu marido (Glenn Greenwald) sobre os escândalos da Lava Jato que envolvem Sergio Moro e Deltan Dallagnol”.
Após Gleen, jornalista da revista “The Intercept Brasil” divulgar conversas entre o atual ministro da justiça Sérgio Moro e Procuradores da Lava Jato, o seu nome tornou-se alvo de fakes news absurdas. Você acredita que as ameaças desejam lhe atacar ou o alvo seria seu marido?
“Eu acho que ambos, nesta semana afunilou devido ao trabalho excepcional do Gleen com a The Intercept que nos revelou inúmeras ilegalidades da ‘Vaza Jato’. A elite conservadora se incomoda conosco, com os LGBT de forma geral pois eles estão em um ambiente que até então era dominado por eles. Eu sou negro, vim da periferia, sou um homem gay e isso incomoda muito, sabe. Eu fui eleito pela Forbes como uma das 10 lideranças da nova geração, eu sou anti-Bolsonaro e esse grupo usa da minha sexualidade e da meu marido como cortina de fumaça, nada novo né. Até porque, esta é a mentalidade do nosso presidente e ele mesmo já disse que espancaria um filho de fosse gay e que era melhor ter um filho morto do que homossexual, por exemplo. A comunidade LGBT sempre foi alvo de mentiras e criticas infundadas. Imagine então, o agora, o hoje onde cada vez mais nós temos nomes com representatividade ao lado deles”.
Isso me soa também como uma espécie de substituição – antes Jean Wyllys e agora você torna-se o nome fácil de atacar. Acredita que isso se perpetuará ou terá um fim após as investigações do caso “Vaza Jato”?
“Existe uma ideia de que isso pode existe e continuar assim, sabe. O Brasil é o país que mais mata LGBTs do mundo, então nos atacar é algo legal na mente deles. Mas eu tenho muita esperança e uma carcaça forte e não desisto. Eu já passei por muitos preconceitos na câmara dos vereadores do Rio de Janeiro, desde cedo enfrento a LGBTfobia e não irei parar agora que cheguei à Câmara Federal. Fazer política é o que eu sei fazer e continuarei fazendo”.
As ameaças são pavorosas e envolvem até mesmo os seus filhos (menores de idade). Você e seu marido já tomaram alguma providência quanto à segurança da família?
“Sim, as ameaças envolvem a minha família de forma geral. Eu não quero falar sobre os meu filhos, mas eu já tomei providências”.
Essas ameaças são feitas pelas redes sociais e e-mails? Todas de forma anônima?
“Elas são feitas pelas redes, emails e em fóruns dentro da Deep Web, onde acontecem coisas pavorosas, por sinal”.
Quais são providências cabíveis nesse caso e o que você já vez?
“Eu já entrei com o pedido de escolta em Brasília onde Rodrigo Maia já assinou e então ela já começou. No Rio de Janeiro para mim e minha família, esse pedido só precisa da assinatura do governador que já recebeu o processo mas não assinou ainda”.
O que a sociedade pode fazer para denunciar calúnias com o seu nome?
“Eu acho que a sociedade precisa se unir nesta era das fake news para que a verdade sempre vence e o nosso Estado democrático continue valendo. Quando um tio, um pai e uma mãe falar algo que não é verídico, é importante que nós o ensinemos e mostremos a verdade, só assim se combate as mentiras na idade da tecnologia onde essas famosas fake news tomam proporções enormes. E eu gostaria de lembrar que a homofobia finalmente é crime no Brasil, portanto denunciem, enviem mentiras as nossas redes sociais que envolvam o meu nome, mandem email para o meu gabinete, isso me ajudará a combater estas calúnias”.