Entrevista

SUBMUNDO: S4TAN cria jornada mitológica em seu álbum de estreia e eleva cena queer-underground

O DJ reflete sobre evolução, misturas sonoras e papel na cena queer brasileira
18/11/2025 17:04
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S4TAN(foto: Kaique Talles Camargo)

S4TAN

Após anos movimentando a cena com produções ousadas e parcerias explosivas, S4TAN entregou o seu primeiro álbum de estúdio: SUBMUNDO. O projeto, trabalhado desde 2024, reúne vertentes recentes do funk, com dez faixas e um time de peso que concreta uma busca criativa que o artista já buscava há tempos.

A fusão com pop, vogue, guaracha e techno, resultado da Bruxaria, Tuim e o próprio estilo Submundo, trouxe, também um time de peso para as canções, como: Bibi Babydoll, Lia Clark, Kaya Conky, Christopher Luz, MC Pogba, MC Mari, MC Zury, Katy da Voz e as Abusadas, MARITZA, Aurora Abloh, além dos produtores PZZS e MíLIAN DOLLA.

Em entrevista exclusiva ao Observatório G, S4TAN revela que lançar um álbum era uma necessidade que cresceu ao longo dos últimos anos, especialmente após o EP lançado anteriormente, e o projeto Purgatório. "Eu sentia falta de lançar algo maior, com começo, meio e fim. Comecei a explorar uma sonoridade, e foi nessa busca de ter um projeto mais completo, que mostrasse minha identidade sonora", diz.

O SUBMUNDO é, também, uma celebração de encontros para ele, que define alguns como planejados, e outros inesperados. S4TAN explica que cada parceria possui uma própria história. “Tiveram músicas que foram convites e outras que simplesmente surgiram, e eu senti que abraçavam o projeto como um todo”, recorda.

Enquanto a diversidade de colaboradores impressiona, a evolução técnica por trás do álbum também chama atenção. S4TAN confidencia que boa parte desse crescimento veio enquanto trabalhava, em simultâneo, no novo disco de Lia Clark. "As coisas que ela me propôs são bem malucas, que não fazem sentido, e nesse processo eu acabei desenvolvendo as minhas faixas também. Eu usei ele como estudo para produzir o dela e o meu", explica.

S4TAN
S4TAN (Foto: Kaique Talles Camargo)

Conceito

A ambição para a construção do SUBMUNDO também aparece em sua estrutura narrativa, ao qual é dividida em duas partes: 'Campus elísios', que representa um "paraíso", e 'Tártaro', inspirado na mitologia grega e associado ao castigo. "A primeira é algo mais soft, enquanto no tártaro toda a parte lírica fosse pesada, falando sobre fetiches, desejo carnal, do sexo, aquela coisa agressiva", conta.

Embora o público da música eletrônica brasileira tenha suas próprias dinâmicas, S4TAN não economizou em inserir elementos ligados às raízes do funk mais “subterrâneo”, e que, para ele, é parte essencial de sua identidade artística. "Eu acho que segmentar demais, só produzir ou pensar de uma forma, pelo menos pra mim, não é como eu gostaria de atingir o público, e por isso que faço essas misturas", destaca.

S4TAN
S4TAN (Foto: Kaique Talles Camargo)

Representatividade e resistência na cena

Dentro da cena LGBTQIA+ na música eletrônica, S4TAN é uma referência natural, ainda que discreta - e também modesta. Ele aponta, de forma reflexiva, os desafios enfrentados por artistas queer no funk e na eletrônica, principalmente quando o conteúdo aborda sexualidade de maneira explícita. “O funk LGBT não é lido como funk. É muito doido saber que existe essa divisão sonora”, lamenta. “Ainda há preconceito em ouvir uma travesti falar sobre sexo, um gay cantar sobre prazer”, diz.

O impacto do SUBMUNDO já pode ser sentido na cena, segundo o próprio S4TAN. Ele acredita que sua estética, em conjunto da vertente Submundo e da Bruxaria, têm conquistado espaço. “Sinto que é uma evolução natural na sonoridade do mainstream. Acho que o submundo e a bruxaria vão ganhar esse destaque, pelo tanto de hype que estão tendo na cena”, afirma.

S4TAN
S4TAN (Foto: Kaique Talles Camargo)

Underground no mainstream

Ao avaliar o papel da cena queer-underground, S4TAN acredita que nunca deixará de ser underground, e mesmo que não goste da palavra "referência", mas, assume o desejo de motivar outras pessoas a continuar produzindo e expandindo essa estética. "Eu não sei muito [meu papel]. Eu gosto de ser a pessoa que mostra um caminho de que outras pessoas podem seguir, sinto que meu papel na música é, também, tentar influenciar o máximo de pessoas", pontua.

SUBMUNDO
Capa do álbum SUBMUNDO (Foto: Divulgação)

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