CORRUPÇÃO

Prefeito que demitiu professor gay por "não tolerar viadagem" é preso em operação

Clésio Salvaro, conhecido por polêmicas conservadoras, é alvo de investigação do Ministério Público

Clésio Salvaro - Divulgação
Clésio Salvaro - Divulgação

Clésio Salvaro, prefeito de Criciúma, em Santa Catarina, foi preso na manhã da última terça-feira (03/09) em uma operação conjunta do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) e do Grupo Especial Anticorrupção (Geac).

Durante a operação intitulada Caronte, foram cumpridos dez mandados de prisão preventiva, incluindo o do prefeito. A operação investiga uma organização criminosa acusada de fraudes licitatórias e contratuais, corrupção e crimes contra a ordem econômica, relacionados à concessão de serviços funerários em Criciúma.

A denúncia, apresentada pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) no dia 20 de agosto, aponta para o envolvimento de empresários e agentes públicos em um esquema de corrupção que impacta diretamente a gestão de serviços essenciais na cidade.

Conhecido por polêmicas envolvendo questões de gênero, liberdade de expressão e religião, o parlamentar que é um apoiador do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, ganhou as manchetes no início deste ano ao proibir o show da banda Planet Hemp em Criciúma, alegando que o local era destinado a “pessoas e famílias de bem”.

Já em 2021, demitiu um professor de artes da rede municipal por exibir em sala de aula o clipe da música Etérea, do cantor e compositor Criolo, por seu conteúdo LGBTQIAPN+. O caso gerou ampla repercussão e críticas à postura do político, que reafirmou sua posição LGBTfóbica contrária ao que chamou de “viadagem” nas escolas públicas do município.

“Não permitimos, não toleramos, está demitido o profissional. Nas escolas do município, enquanto eu estiver aqui de plantão, isso não vai acontecer, esse tipo de atitude, essa ‘viadagem’ na sala de aula, nós não concordamos. E se os pais souberem de algo parecido que foi exposto para os seus filhos, por favor, entrem em contato com o município”, afirmou na época.

A operação marca um novo capítulo na carreira política de Salvaro, que não pode concorrer à reeleição, agora enfrenta sérias acusações de corrupção, colocando em xeque sua gestão à frente de Criciúma. Ele foi eleito em 2016 e reeleito em 2020. Antes, já havia sido prefeito da cidade entre 2009 e 2012.