Nas redes sociais, há quem diga que o número de likes e comentários pode deduzir o sucesso de uma pessoa, e ao contrário disso, o fracasso. Em aplicativos de encontros, o caso é parecido, e pode deixar algumas inseguranças nos usuários, além de um afastamento social.
O Observatório G conversou com o psicólogo clínico Guilherme Zanoni, que estuda análises comportamentais. Na ocasião, buscamos respostas sobre o que a interatividade virtual pode gerar no indivíduo. Ele nos falou sobre a necessidade de se refletir sobre a medida certa da busca pelo match, e o provável esquecimento do mundo real em prol apenas do virtual.
“A interação é algo muito valioso em aplicativos e redes sociais. Posts com poucas curtidas e poucos comentários são entendidos como fracassos, enquanto muitas curtidas provocam um sentimento de adequação e sucesso. Nos apps de namoro essas interações têm outra forma, mas o mesmo efeito: a alta quantidade de matches pode significar que seu perfil é interessante”, disse o profissional.
Segundo ele, o fato de o indivíduo somar poucas ‘conquistas e paqueras’ na plataforma, pode provocar uma reação de desprezo. “Na medida em que estes perfis são em alguma medida uma representação de quem somos no mundo “real” ou offline, ter um perfil com poucos matches provoca a percepção oposta, de que aquele sujeito não é valioso para o grupo”, relatou.
Ao concluir, vale destacar que, likes, comentários e matches em aplicativos, não definem quem realmente é. ” É importante lembrar, no entanto, que estes perfis representam, na melhor das hipóteses, apenas uma pequena parte de quem somos e que não podem definir nosso valor enquanto pessoa. Além disso, é importante que se busquem outras formas de sociabilidade que sejam mais receptivas, tanto online quanto offline”, argumentou Guilherme.