A novela A Força do Querer, é a primeira produção brasileira em horário nobre a abordar de maneira mais profunda o tema da transsexualidade. Mas nem por isso a trama da novela vem sendo só elogios entre a comunidade LGBT.
“A novela se perde numa profusão de diálogos e conceitos que não ajudam em nada essa população e acaba complicando ainda mais o trabalho que temos desenvolvido ao longo de anos, que é o de tirar o estigma que esse termo representa”, afirma Keila Simpson, presidente da entidade ANTRA (Associação Nacional de Travestis e Transexuais) que publicou uma nota criticando alguns termos e conceitos LGBT utilizados na novela.
Em trechos da nota divulgados no site Guia Gay São Paulo, a associação critica o fato do tratamento às travestis acontecer com o uso do gênero masculino e também pela novela aproximar o conceito de travesti à identidade gay, o que também não seria correto pois, o gay possui identidade masculina. O comunicado faz menção ao personagem da travesti Elis Miranda (Silvero Pereira) que durante o dia “passa-se” por homem e adquire a identidade de Nonato para trabalhar como motorista.
“Travestis vivenciam sua identidade diariamente, 24 horas por dia, não nos ‘vestimos’ à noite para vivenciar uma interpretação do feminino, somos femininas!” afirma a entidade. A associação sugere que a personagem pode transmitir de maneira equivocada os conceitos em torno da letra T da sigla LGBT pois, quando está com roupas femininas a personagem refere-se a si em alguns momentos como travesti, em outros como transformista além de afirmar que é gay, levando em conta sua orientação sexual.
“A novela em tela tem prestado um relevante serviço quando aborda a questão da transmasculinidade vivida pela personagem Ivana, e tem prestado grande serviço de informação acerca da temática. Porém tem deixado a desejar quando a identificam como transgênero. No nosso entendimento a personagem é um homem trans” explica a nota da associação.