Com a decisão da Justiça Federal que autoriza psicólogos a submeterem seus pacientes a terapias de reversão sexual, uma cena icônica do filme Orações para Bobby (2009), que conta a história do conflito entre um jovem que se descobre homossexual, e sua mãe que não aceita a sua sexualidade, voltou a circular nas redes sociais.
A sequência em questão faz parte dos momentos finais da produção, na qual a mãe, vivida por Sigourney Weaver, faz um belo discurso emocionante sobre aceitação, após seu filho cometer suicídio por causa de problemas causados pela rejeição a sua condição.
O filme é baseado na história real de Mary Griffith, uma mulher religiosa fervorosa, que tentou curar o filho gay, Bobby Griffith, que decide se matar após sofrer tanta pressão da família e da sociedade por ser homossexual. Os questionamentos do rapaz foram deixados em um diário, no qual fica claro como a interferência da igreja, que condenava sua sexualidade, foi importante para a sua decisão extrema.
Assista:
Confira o discurso na íntegra:
“Homossexualidade é um pecado. Homossexuais estão condenados a passar a eternidade no inferno. Se quisessem mudar, poderiam ser curados de seus hábitos malignos. Se desviassem da tentação, poderiam ser normais de novo. Se eles ao menos tentassem e tentassem de novo em caso de falha. Isso foi o que eu disse ao meu filho, Bobby, quando descobri que ele era gay.
Quando ele me disse que era homossexual, meu mundo caiu. Eu fiz tudo que pude para curá-lo de sua doença. Há oito meses, meu filho pulou de uma ponte e se matou. Eu me arrependo amargamente de minha falta de conhecimento sobre gays e lésbicas. Percebo que tudo o que me ensinaram e disseram era odioso e desumano. Se eu tivesse investigado além do que me disseram, se eu tivesse simplesmente ouvido meu filho quando ele abriu o coração para mim… eu não estaria aqui hoje, com vocês, plenamente arrependida.
Eu acredito que Deus foi presenteado com o espírito gentil e amável do Bobby. Perante deus, gentileza e amor é tudo. Eu não sabia que, cada vez que eu repetia condenação eterna aos gays… cada vez que eu me referia ao Bobby como doente e pervertido e perigoso às nossas crianças… sua auto-estima e seu valor próprio estavam sendo destruídos. E finalmente seu espírito se quebrou alem de qualquer conserto. Não era desejo de Deus que o Bobby debruçasse sobre o corrimão de um viaduto e pulasse diretamente no caminho de um caminhão de dezoito rodas que o matou instantaneamente. A morte do Bobby foi resultado direto da ignorância e do medo de seus pais quanto à palavra “gay”.
Ele queria ser escritor. Suas esperanças e seus sonhos não deveriam ser tomados dele, mas se foram. Há crianças como Bobby presentes nas suas reuniões. Sem que vocês saibam, elas estarão ouvindo enquanto vocês ecoam ‘amém’. E isso logo silenciará as preces delas. Suas preces para Deus por entendimento e aceitação e pelo amor de vocês. Mas o seu ódio e medo e ignorância da palavra ‘gay’ silenciarão essas preces. Então… Antes de ecoar ‘Amém’ na sua casa e no lugar de adoração, pensem. Pensem e lembrem-se. Uma criança está ouvindo.”
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