Após ser alvo de protestos da comunidade trans contra a peça “Gisberta”, monólogo estrelado por Luis Lobianco que interpreta uma transexual, o ator se pronunciou sobre o caso.
De acordo com o jornalista Ancelmo Gois, os ativistas acusaram a produção do espetáculo de não escalarem uma atriz transgênero para atuar, e sim uma “fake” como classificaram o integrante do Porta dos Fundos, que em seu perfil no Facebook, comentou o episódio.
“Acho a provocação muito pertinente e um ponto de partida para discutirmos a profissionalização dessas pessoas mas, também, ter consciência do modo arcaico de se fazer esse tipo de teatro no Brasil (…) ‘Gisberta’ um projeto idealizado por mim quando tomei conhecimento de sua história. Chocou-me saber que quando sua morte completou 10 anos nenhum artista trans ou cis desenvolvia uma pesquisa teatral profissional sobre o crime no Brasil”, criticou.
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Lobianco ainda desabafou sobre a dificuldade para captar recursos para conseguir fazer a montagem. “Crivella na prefeitura num embate declarado contra as artes e nossa classe desesperada com seus projetos na mão à caça dos editais”, lamentou.
O artista se defendeu sobre as acusações de não colocar uma intérprete trans para assumir o papel. “Vamos ter que fazer muitas peças e conversar muito pra entender. Estou disponível (…) Como ator assumidamente gay e realizando trabalhos com LGBTs me
senti apto a contar essa história. Por uma questão de escolhas dramatúrgicas, a pesquisa caminhou para que eu não interpretasse a Gisberta como personagem da peça. Para tratar de sua ausência criamos um mosaico de personagens fictícios e reais que
observam o seu lugar de fala e nunca o assumem”, disse.
Por fim, Luis Lobianco lembra que em todos os locais pelo qual a peça passou a discussão foi levantada e que está cansado por tantas brigas. “Estou exausto. Questionando se levo adiante futuros projetos com essa temática. Questionando se vale a pena trabalhar
tanto usando os meus privilégios a favor de um causa, mirando em um dia ter condições de criar empregos para LGBTs, se na construção desse caminho há tanta difamação”, finalizou.