Inspirados em times de futebol formados apenas por jogadores gays que cada vez ganham mais notoriedade, um grupo de jovens homossexuais de Porto Alegre no Rio Grande do Sul decidiu montar a sua própria equipe a PampaCats, em agosto do ano passado que desponta cada vez mais na modalidade com direito a um espaço na 2ª Champions Ligay, principal campeonato da classe.
O surgimento da associação sem fins lucrativos teve como objetivo combater o preconceito e derrubar estigmas da sociedade que tem por cultura excluir este público. “A ideia de montar um time formado somente por garotos gay surgiu da necessidade de encontrarmos um local onde pudéssemos praticar um esporte que gostamos muito e que historicamente rapazes gays são marginalizados, possibilitando um ambiente inclusivo, no qual independente da qualidade técnica dos jogadores todos pudessem jogar sem serem ou se sentirem repreendidos”, conta David, um dos integrantes do time, em entrevista exclusiva ao Observatório G.
Em tão pouco tempo de estrada, o “Pampa” já tem uma grande conquista em seu currículo como o quarto lugar na 1ª Copa Sul gay de Futebol, no ano passado que aconteceu na cidade de São José, em Santa Catarina, além de concorrer ao título da Champions Ligay de Futebol Society que acontece na capital gaúcha, sediado por outro time da cidade, o Magia.
Hoje, além do futebol masculino, o “PampaCats” conta com outras modalidades como Vôlei, Handbol, Corrida, que é aberto para qualquer pessoa independente da orientação sexual, e mais recentemente implantaram o futebol feminino. David explica que a inclusão de mulheres no esporte também é uma forma de resistência a discriminação sofrida por esta minoria. “Nós sabemos que tanto gays, como mulheres são historicamente excluídas de participarem desse ambiente, devido principalmente ao machismo e sexismo. Vimos então a oportunidade de representar essa bandeira também não só no futebol, mas no ambiente esportivo como um todo.”
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Sobre a presença de um time com membros LGBTs dentro de um universo majoritariamente hétero, é um grande artifício para enfrentar o combate à homofobia. “Já notamos em diversos aspectos a importância da existência de uma equipe poliesportiva gay na cidade. Quando criamos o time de futebol não tínhamos a dimensão da necessidade que meninos gays tinham em encontrar um ambiente que os incluísse no mundo dos esportes.”
“Recebemos diversos retornos de pessoas que amavam futebol, mas haviam abdicado dessa paixão por terem sofrido preconceito dentro das quadras por colegas de jogo. Outra questão é a necessidade de que essas pessoas têm em ser parte de um grupo que lhe dê amor e respeito. Por isso falamos que somos uma família acima de tudo. Estamos aqui não só para praticar esportes, mas também para nos protegermos e vermos que unidos somos muito fortes. Outro aspecto é mostrar para o mundo que gay joga futebol sim, vai em estádios, ama e torce para os times tradicionais”, completou David.
Os interessados que desejam participar de algum dos esportes praticados na Pampacats basta entrar em contato com os organizadores, através dos perfis oficiais nas redes sociais como o Instagram e o Facebook.