Às vésperas do dia dos pais, Marcelo Tas contou sobre a sua relação com o filho Luc Athayde-Rizzaro e como recebeu a sua transgeneralidade em sua coluna no jornal Folha de S. Paulo.
Logo no início do texto, o jornalista lembrou que Luc, designado menina ao nascer, já dava indícios de ser do gênero masculino desde a infância. “Ele já tinha uma identificação com o gênero masculino. Ele se fantasiava de soldado e não gostava de vestidos, por exemplo. Foi uma nova surpresa quando ele trouxe isso. Resolvi estudar para entender que não tem nada a ver com sexualidade e, sim, com identidade. Percebi o quanto essa questão é central, a fundamental importância que a identidade tem na maneira que a gente enxerga o mundo e o mundo nos enxerga”, analisou.
Tas revela que o começo da transição de gênero do herdeiro não foi fácil, mas que recebeu orientações dos filhos cisgêneros Clarice e Miguel. “Quando fui apoiá-lo a mudar o nome e contar para a família, a Clarice falou: ‘O Luc é a mesma pessoa. Em vez de falar ela, nós vamos falar ele’. É assim mesmo, simples. E a gente faz um terremoto, deputados entram em discussões, surge o preconceito”, contou.
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O o ex-âncora do CQC narrou um episódio que foi o divisor de águas para a sua aceitação e respeito. “Resolvi contar pessoalmente para os meus pais, que moram em Ituverava [interior de SP]. Meu pai, depois de ouvir em silêncio, contou que eles estavam com uma cozinheira nova. Ele disse: ‘A Luciana é ótima, mas o pessoal descobriu que ela é travesti e queria que a gente a demitisse. Eu pensei, ela chega no horário, cozinha bem, é educada, pra que eu vou demitir? Parece que Deus mandou a Luciana pra gente receber o Luc.’ Foi outra questão entre pai e filho, e percebi nele esse amor, essa generosidade”.
Sobre a transfobia, Marcelo Tas diz que a violência parte de algo muito particular e não deveria ser tratado de forma tão hostil. “Comecei a receber muitos fortes de filhos que apanham, que vivem situações quase que de prisão. E eu me sinto muito grato ao Luc porque ele me ensinou. Eu era ignorante, e a ignorância acompanha o preconceito. Todo pai tem que apoiar com afeto, procurar se colocar no lugar, ouvir, tentar entender a situação sem ser omisso”, concluiu.