O médico James Hamilton, de 50 anos, narrou em entrevista à BBC News, uma série de abusos que ele sofreu por 20 anos praticados por um dos principais líderes da igreja católica no Chile, Fernando Karadima, atualmente com 88 anos.
Veja também:
- Apesar de recorde histórico, investimento federal LGBTQIA+ ainda é insuficiente
- Legislação transfóbica desafia movimento trans e aliados a investirem em resistência institucional
- Associações defendem direitos de crianças e adolescentes no STF contra lei que censura a Parada LGBTQIA+
- CNJ proíbe discriminação de pessoas LGBTQIA+ na adoção, guarda e tutela
- Enquanto aguarda nomeação de Lula, PGR interina defende direitos de travestis e transexuais presas
- Como ser um aliado de pessoas trans sem invisibilizar e protagonizar seu papel
- Crivella deixa cariocas sem remédio para tratamento da AIDS
- Ex-empresário de Dudu Camargo diz que apresentador quer mudar imagem de gay assediando mulheres
- World Athletics diz que atletas trans não podem ser proibidos de competir em SP
- Assexualidade gera dúvidas e polêmica entre LGBTs
- Quadrinho do Chico Bento mostra conceito de família com casal gay
- Japão testa drogas anti-HIV contra coronavírus em meio a aumento de casos
- Homofobia: professor é espancado e torturado por horas após ter vídeo íntimo vazado
- Coronavírus: precisamos nos alarmar no carnaval? Dr. Maravilha explica
- Presidente Bolsonaro veta propaganda do Banco do Brasil que investia em diversidade
- Professor de Direito do interior da Paraíba é novo Colunista do Observatório G
- Sair do armário, qual o real significado ?
- Matheus Ribeiro é pré-candidato a prefeitura de Goiânia
Os abusos sexuais começaram quando ele tinha 16 anos e buscou refúgio na igreja, na época em que o Chile sucumbia perante a ditadura do general Augusto Pinochet, do qual Karadima era um ferrenho apoiador do ditador.
Hamilton foi convidado a participar da Ação Católica, um grupo de jovens que se reunia na paróquia de El Bosque para ouvir o bispo falar sobre heroísmo, os santos e a necessidade de ser humilde em e obediente. Foi nessa época que os crimes começaram.
“Você não esperava isso – era algo totalmente confuso. Não era possível que esse homem santo estivesse fazendo tudo isso por causa de sua perversão sexual. Não era possível”, disse Hamilton. “Uma coisa terrível é que, toda vez que ele abusava de mim, me mandava confessar com outro padre”.
Esse “outro padre” acobertava os abusos praticados pelo bispo.
Leia mais:
Narcisa Tamborindeguy declara voto em Bolsonaro e revolta LGBTs
Chris Pine fala sobre polêmica cena de nudez frontal do filme ‘Legítimo Rei’
As cenas de violência sexual continuaram acontecendo após o médico se casar e constituir uma família com sua esposa, fato que o levou a pedir a anulação do casamento anos depois. Nesse período, ele citou os abusos praticados por Karadima como o principal motivo pela fracasso do matrimônio e a igreja relutou em aceitar.
“Muitas vezes eu tentei me afastar de Karadima, mas, sempre que eu tentava, ele fazia uma espécie de julgamento com dois ou três bispos e três ou quatro sacerdotes. Eles me colocavam em um quarto e diziam que o diabo estava dentro de mim”.
Após o médico conseguir a anulação do casamento e que os detalhes vazaram, que a igreja católica se viu obrigada a investigar o bispo Fernando Karadima.
Como condenação, a igreja determinou que Karadima passasse a viver uma vida de penitência e oração, e o proibiu de manter contato com ex-párocos ou fiéis, bem como de realizar qualquer ato pastoral.
“Eles quase mataram meu coração, minha alma… quando você mata a alma – e eu posso te dizer isso como médico – você começa a matar o corpo. Crianças que foram abusadas viverão 20 anos menos, então o que estamos falando? Eles são criminosos”, afirmou Hamilton.