Suspeitos de matar travesti em Londrina dizem que foram agredidos primeiro

Travesti foi atacada por três homens que desferiram golpes de faca na vítima, segundo a PM
Travesti foi atacada por três homens que desferiram golpes de faca na vítima, segundo a PM (Foto: Divulgação/Polícia Militar)

Anderson Aparecido dos Santos Pires, 28; Kenny Roger Fioravante Pereira, 26 e José Mauro Lopes da Silva, 25, estão detidos como suspeitos de crime em Londrina (PR). De acordo com testemunhas, eles são os responsáveis pela morte de Scarlety Mastroianny, 35. Ela era uma travesti, foi agredida e esfaqueada na madrugada de 10 de dezembro.

Em vídeo divulgado pelo G1, os suspeitos dizem suas versões do acontecido. Anderson Pires alega que jogaram uma pedra em seu carro e por isso ele parou. “Dei a volta, aí fomos conversar. Daí já tiraram a chave do carro e saíram correndo. E começamos a brigar. Foi isso”, disse o detento.

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José da Silva diz ter sido o primeiro a ser agredido pela travesti e suas amigas. “O cara desceu, se joguei pra cima dele… Dai que eu olhei, tinha dois. Levavam dentro do carro… Daí ele pegou e saiu…”, descreveu.

Memória e luta

As amigas de Scarlet relataram muita tristeza ao saber da notícia. Inclusive, preparam um ato em homenagem à vida e morte da travesti, como uma forma, também, de pressionar por uma investigação. “Comecei a chorar porque acabou comigo isso”, contou a travesti e servidora pública Vicky Reale, visivelmente triste.

“Estão nos matando só pelo fato da gente ser quem a gente é. É muito revoltante. É muito ódio desnecessário, pautado num preconceito estúpido. Não tem lógica, não tem fundamento. É um cerceamento da nossa realidade, na real. A gente paga imposto igual a todo mundo”, continuou.

“A tristeza é grande porque é mais uma amiga que se vai. A gente sabe que a impunidade existe. A falta de interesse do poder público existe, com relação à classificação da transfobia como violação de direitos humanos. E, significativamente, essa morte aconteceu no dia dos direitos humanos, na comemoração”, comentou uma das líderes da Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais), Melissa Campos.

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