MERCADO DE TRABALHO

Apenas 25% da população LGBTQIAPN+ conseguiu emprego formal no último ano, revela estudo

Estudo do Fundo Positivo e Instituto Matizes revela barreiras enfrentadas pela comunidade LGBTQIA+ no mercado de trabalho, destacando a necessidade de políticas públicas

Divulgação
Divulgação

Um estudo inédito realizado pelo Fundo Positivo em parceria com o Instituto Matizes, com apoio da Wellspring Philanthropic Fund (WPF), revelou que apenas 25% da população LGBTQIAPN+ no Brasil conseguiu um emprego formal em 2023.

A pesquisa, intitulada Inclusão Econômica e Geração de Renda da População LGBTQIA+ no Brasil: Desafios, Iniciativas e Financiamentos, o levantamento foi conduzido entre 2023 e 2024 e oferece uma análise profunda das barreiras enfrentadas por essa comunidade no mercado de trabalho e no empreendedorismo.

Os resultados mostram que, apesar dos esforços de diversas organizações sociais, o mercado de trabalho formal ainda apresenta resistência em absorver a mão de obra qualificada da população LGBTQIA+. Apenas um em cada quatro pessoas LGBT+ participantes de iniciativas de empregabilidade ou geração de renda conseguiu manter um emprego formal ou sustentar um empreendimento por mais de 12 meses.

Os dados expõem o número de projetos direcionados à geração de emprego e renda para a comunidade LGBTQIAPN+, o que representa 63% entre 2021 e 2023. A sustentabilidade financeira dos projetos também é um ponto crítico. A pesquisa indica que 69,2% das organizações relatam dificuldades em captar recursos, e quase metade nunca recebeu apoio financeiro. Apenas 68,1% das iniciativas contam com financiamento externo, o que evidencia a necessidade de maior comprometimento por parte de empresas e do governo para garantir a sustentabilidade das ações de inclusão econômica.

As iniciativas de inclusão econômica dão prioridade à população trans, que enfrenta altos índices de exclusão econômica devido ao preconceito: 51% dos projetos atendem mulheres trans, 49% travestis e 39% homens trans. Apesar dos desafios, o estudo ressalta que há um movimento significativo de projetos de inclusão econômica liderados pela própria comunidade LGBTQIA+. Esses projetos se concentram principalmente em treinamento profissional e cursos de empreendedorismo, sendo que 77,9% das iniciativas oferecem qualificação profissional e 51,9% incluem formação em empreendedorismo.

Entre os principais desafios para a inserção dessa comunidade na economia, 45,2% das organizações apontam a falta de apoio governamental. Além disso, 42,3% ressaltam a necessidade de maior engajamento da iniciativa privada. O surgimento de novas vagas afirmativas e a implementação de políticas inclusivas são mencionadas como estratégias com efeito positivo para efetivar a inclusão econômica da população LGBT+ no mercado formal.

Vale destacar, que somente 30,4% dos projetos voltados para a inclusão econômica e produtiva para a população LGBTQIAPN+ são financiados por editais do poder público. A iniciativa privada financia 49,3% desses projetos, enquanto 29% são representados por captações e doações de empresas e organizações sociais.

O lançamento deste estudo representa um marco importante para a compreensão dos desafios econômicos enfrentados pela comunidade LGBTQIA+ no Brasil. As informações divulgadas reforçam a urgência de políticas públicas mais eficazes e incentivam o setor privado a se engajar mais profundamente na promoção da justiça econômica.

O relatório completo está disponível para download no site do Fundo Positivo (www.fundopositivo.org.br) e no site do Instituto Matizes (www.institutomatizes.org).