Após uma temporada de sucesso em Porto Alegre, durante um festival de teatro, o espetáculo “O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu” voltou ao cartaz em São Paulo, no Sesc Santo Amaro, mesmo teatro onde a montagem foi proibida, após uma decisão judicial em caráter de urgência, no último dia 15. A medida foi assinada pelo juiz Luiz Antônio de Campos Júnior, da 1ª Vara Cível da Comarca de Jundiaí, em São Paulo.
No despacho, o desembargador alega que a peça é “atentatória à dignidade da fé cristã”, e que a representação de Jesus Cristo como uma mulher trans era uma ofensa a milhares de pessoas. Nesta quarta-feira (27) acontece a primeira sessão, seguida por apresentações também na quinta (28) e sexta (29).
Em entrevista ao jornal O Tempo, a diretora da peça Nathalia Mallo confessa que esperava a polêmica, mas se surpreendeu com a censura. “Ficamos tristes de ver a lei aplicada daquela forma, baseada em opinião pessoal.”, disparou ela que lembrou a laicidade do Estado.
Leia Mais:
Walcyr Carrasco fala de livro infantil que aborda homossexualidade
Hugh Jackman mostra apoio ao casamento gay na Austrália: “Pela igualdade e amor”
Além dos ataques na internet, Mallo relatou que vem sofrendo represálias também na vida real, e chegou a ter dois pneus furados. “Recebemos ameaças horríveis, de morte e tortura, tudo em nome de Deus”, desabafa. “É interessante que a peça fala justamente do uso da mensagem cristã para excluir quem quer que seja, quando ela deveria ser de inclusão e solidariedade.”, disse.
Renata também afirma que a reação e as críticas a peça acontecem pela falta de informação. “As pessoas não querem conhecer ou dialogar, é algo estrutural”, pontuou. “Seria bom se as pessoas se dispusessem a assistir, para depois discutir e colocar suas questões”, avaliou.
Apesar dos protestos, “O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu” continua a sua turnê pelo Brasil. A assessoria do Sesc confirmou as próximas datas do espetáculo em suas unidades. Em outubro, a montagem ganhará uma versão em espanhol, que passará pelo Uruguai e pela Argentina.