Opinião

Após decisão do Vaticano, católicos LGBT questionam falas do Papa Francisco sobre não julgar união gay

Fiéis da Igreja Católica relembraram declarações onde o Papa não julgava casamento gay

Papa Francisco
Papa Francisco (Foto: reprodução)

Depois do Vaticano emitir um comunicado dizendo que a Igreja Católica não abençoa a união do casamento gay, católicos LGBT questionaram falas do passado do Papa Francisco, onde declara “Quem sou eu para julgar?”. No entanto, após os últimos acontecimentos, personalidades como Elton John e Lewis Hamilton criticaram a decisão do Vaticano. Além dos fiéis, pessoas tiveram padres e educadores.

Ao ser escolhido para liderar a Igreja Católica em 2013, o Papa Francisco se declarou inapto a rejeitar os homossexuais que buscassem o conforto divino. A fala fez com que os católicos LGBT se sentissem acolhidos no seio da instituição. Mas, oito anos depois, o mesmo deu sinal verde para o Vaticano divulgar a diretriz para que clérigos não dêem sua bênção a uniões entre pessoas do mesmo sexo. Afinal, “Deus não pode abençoar o pecado”, diz o documento da Congregação para a Doutrina da Fé, órgão responsável por formular normas para os fiéis da maior vertente cristã do mundo. Isso só fez com que muitos se sentissem decepcionados.

A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) é exemplo de cautela entre críticas e posicionamentos em relação ao assunto. Mas, ainda assim há reações no mundo sobre a declaração, que mostra um aceno aos LGBT. Uma delas partiu do arcebispo de Chicago. Blase Cupich reconheceu que a “reação compreensível de muitos será de decepção” e pede que a contrapartida seja “redobrar nossos esforços para sermos criativos e resilientes para acolher todas as pessoas LGBT em nossa família de fé”.

Além de padres, como o padre James Martin, que foi nomeado em 2017 por Francisco como consultor da Santa Sé. Jesuíta como o papa, ele disse que “a jornada é longa, e Cristo está conosco -pessoas LGBT, famílias, amigos e aliados- e nunca nos deixará”. “Somos uma igreja peregrina, aprendendo, mudando e crescendo, mesmo em meio ao que pode parecer para muitas pessoas decepções e até mesmo tristezas”, disse James, que sacou o salmo 34 para consolar os desapontados: “Perto está o Senhor dos quebrantados“, disse.

Reverendo gay e professor de teologia da Universidade Fordham, fundada pela Diocese Católica Romana de Nova York, Bryan Massingale afirmou que os padres dispostos a se engajar em ações pastorais para a diversidade “continuarão a fazê-lo, exceto que será ainda mais por baixo dos panos do que era antes”.

Um coletivo de padres dissidentes na Áustria, que desafia a Igreja em tabus como o celibato clerical afirmou que não seguirá a determinação do Vaticano.

A fala que está chamando atenção é citada no documentário “Francesco” , de 2020, onde ele diz que homossexuais “são filhos de Deus e têm direito a uma família”. Mas vale lembrar que, quando era arcebispo de Buenos Aires, disse que a ideia do matrimônio homoafetivo colocava “em jogo a identidade e a sobrevivência da família: pai, mãe e filhos”.

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