Na última sexta-feira, 16, Joyce Silva foi atacada quando chegava para trabalhar, no Jardim São João, centro de Niterói. A princípio, ela iria ser apenas assaltada; ao perceber que se tratava de uma mulher trans, o assaltante passou a agredi-la fisicamente, e ainda ameaçou voltar para pegá-la.
Ao ser rendida, ela caiu, o que fez com que um dos assaltantes, que estavam em uma moto, descesse para pegar sua bolsa, foi quando a agressão começou. “Quando me viu, passou a falar que eu era bicha e me bateu muito na cabeça. Ainda disse que voltaria depois. É um livramento de Deus eu estar viva”, contou a vítima para o jornal Extra. Além da violência física, os ladrões ainda usaram o celular de Joyce para debochar do que haviam feito, mandando mensagens para seus contatos.
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No hospital, Joyce ainda teve que enfrentar o despreparo dos profissionais de saúde que a atenderam. “Médicos não acreditavam que eu tinha sido assaltada e me deixavam tomando chá de cadeira. Saí do médico sem ter receita de analgésico”, afirma. Também foi-lhe dito que ela se expõe ao risco, já que é exerce a função de garota de programa.
Joyce, no entanto, não concorda: “Vai me desculpar, mas isso não é um risco da profissão. Eu não gosto da rua, mas isso não pode ser aceito como um risco normal”. 90% das travestis e transsexuais no Brasil recorrem à prostituição como última opção de sustento.
Atualmente, a vítima não consegue sair de casa, por medo. Por isso, seu caso ainda não foi registrado na delegacia, mas quando for, não constará como transfobia ou homofobia, pois o sistema não possui essas opções.