Candidata à deputada de Cipoletti, na província de Río Negro, na Argentina, Ornella Infante confessou seus medos por ser transexual. Em entrevista ao UOL, ela revelou sofrer ameaças dentro e fora do ambiente político.
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“Não tenho medo das ameaças políticas. Tenho medo de apanhar de um cafetão pelas ruas da cidade”, afirmou. Ela se refere aos ataques que vêm sofrendo na cidade junto com outras companheiras da Atta, nos últimos cinco anos.
Algumas delas, inclusive, foram agredidas e tiveram que deixar a cidade de Cipoletti. O cafetão responsável pelo grupo foi preso, por um período, mas liberado pouco tempo depois.
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Apesar do perigo eminente, a parlamentar preferiu não recorrer a medidas protetivas ou buscar equipes de segurança particular. “Sei perfeitamente que a luta contra todos os tipos de exploração tem consequências e estou disposta a viver desta forma.”, declarou.
Ornella, inclusive, chamou Jean Wyllys para viver em Rio Negro. O convite surgiu após tomar conhecimento da renúncia do político e também saída do Brasil por causa de ameaças. “Companheiro @jeanwyllys_real, venha a Río Negro porque, em breve, teremos um governo com os olhos na cidade e os pés na lama.”, escreveu.
Lei Integral Transexual
Caso seja eleita, ela espera colocar em vigor um pacote de leis para garantir saúde às pessoas transgêneros. “A Argentina tem uma das melhores leis de identidade de gênero. É pioneira, exemplo para outros países. Mas, na prática, mulheres trans continuam morrendo aos 35 anos”, alertou.
Se aprovada, a proposta será batizada como Lei Integral Transexual, inclui proteção específica contra abuso sexual, tratamento pelo nome social em locais como escolas e hospitais.
A medida ainda aposta no reforço a serviços de saúde, principalmente em áreas como a prevenção de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), além de endocrinologia, psicologia e reprodução humana.