Durante a Copa do Mundo no Catar ocorreram diversos tipos de LGBTfobia, e a revista norte-americana Newsweek fez uma denuncia de que o país sede do evento teria um centro secreto com terapias de conversão para pessoas da comunidade LGBTQIAPN+, mais conhecida como a “cura gay”. O periódico detalhou que este local fica a poucos minutos do Lusail Stadium, onde ocorreu a final entre França x Argentina.
Segundo informações do portal Queer, o centro secreto é financiado pelo governo catari o tem o nome de Wifaq Family Consulting Center e abordam os gays com o objetivo de oferecer “orientação espiritual” baseada em princípios islâmicos e aconselhamento para questões familiares. Ativistas apontam que, na verdade, ele também abriga serviços secretos de terapia de conversão.
Peter Tatchell, diretor da organização de direitos humanos Peter Tatchell Foundation, disse que “de acordo com os cataris, as pessoas LGBTQIAPN+ podem ser detidas lá contra sua vontade e submetidas aos chamados tratamentos abusivos em uma tentativa de torná-los heterossexuais”.
No Catar o cenário para a comunidade LGBTQIAPN+ não é nada otimista em termos gerais. Segundo informações do último Relatório de Homofobia do Estado da ILGA ( Internacional Lesbian and Gay Association), o Código 1° do Código Penal do país (2004) diz que os tribunais podem aplicar a Lei Sharia – sistema jurídico do Islã – para impor pena de morte para homossexuais.
De acordo com a Lei Sharia, todo o crime de adultério torna o ato sexual fora do casamento punível com morte, e práticas sexuais entre pessoas não casadas são passíveis de punição por meio de açoitamento – os dois são delitos, independentemente de serem cometidos entre pessoas do mesmo gênero ou não. Ainda que a relação homoafetiva esteja sujeita a sofrer pena de morte, até onde se sabe nenhuma pessoa foi executada por esse motivo.
No relatório da ILGA diz ainda que em 2010 o Catar recebeu uma recomendação política de “garantir que as pessoas LGBT não sejam discriminadas contra e, como medida imediata, alterar as disposições do código penal que criminalizam atos sexuais do mesmo sexo e para garantir que ninguém seja punido por tal atividade sob a lei da Sharia”. O território rejeitou o conselho e mais seis recomendações adicionais com o objetivo de abolir os castigos corporais.