Em Salvador, pessoas trans, travestis e não binárias têm à disposição uma rede crescente de acolhimento e cuidados especializados que vai além da assistência médica básica. São quatro ambulatórios com atendimento gratuito e humanizado, voltados para a saúde integral dessa população — que historicamente enfrentou barreiras no acesso a serviços de qualidade.
Cada um desses espaços se propõe não apenas a tratar, mas a acolher. São locais onde o nome social é respeitado, a identidade de gênero é reconhecida e o atendimento é conduzido com empatia e escuta ativa.
CEDAP: referência estadual no cuidado trans
No coração do bairro do Garcia, o Ambulatório Trans do CEDAP, vinculado à Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (SESAB), é um dos principais polos de atendimento especializado para pessoas trans e travestis. Hormonização, acompanhamento psicológico, infectologia e outros serviços são ofertados à população de toda a Bahia. O agendamento pode ser feito por telefone (71) 3116-8838 ou WhatsApp (71) 99673-3006.
“É um espaço onde me sinto respeitada. Quando comecei a transição, encontrei aqui não só apoio médico, mas também emocional”, conta Júlia, jovem travesti de 26 anos que frequenta o serviço há dois anos.
HUPES: saúde integral e cirurgias de redesignação
No Hospital Universitário Professor Edgard Santos (HUPES), no bairro do Canela, o Ambulatório de Saúde Integral é referência pela atuação de uma equipe multidisciplinar. Além de hormonização e psicologia, o espaço oferece ginecologia, urologia e psiquiatria, além de ser um dos poucos habilitados para cirurgias de redesignação genital na Bahia.
Ambulatório Municipal LGBTQIA+: iniciativa da prefeitura
Localizado no Multicentro Carlos Gomes, no centro da cidade, o Ambulatório Municipal LGBTQIA+ funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, como uma iniciativa da Prefeitura de Salvador. O espaço também oferece hormonização, apoio psicológico e assistência social — tudo isso com uma abordagem inclusiva e respeitosa.
“A saúde pública precisa nos enxergar como sujeitos de direito. E aqui, tenho a sensação de ser tratada como pessoa, não como exceção”, relata Renan*, homem trans de 30 anos.
Laboratório Trans da Bahiana: acolhimento universitário
No campus da Faculdade Bahiana de Medicina, no bairro de Brotas, funciona o Laboratório Trans. A equipe é composta por endocrinologista, psicóloga e assistente social. O atendimento ocorre com hora marcada pelo WhatsApp (71) 98340-1978 e integra a proposta da instituição de formar profissionais de saúde com olhar ético e sensível às demandas da diversidade.
Em tempos em que o acesso à saúde ainda é negado a muitos, especialmente à população trans, iniciativas como essas reforçam a importância de políticas públicas voltadas para a equidade. Salvador tem dado passos importantes — e segue na caminhada por uma cidade mais justa e plural.