Josie Totah, que ganhou fama por interpretar o personagem Myon na série Glee, revelou ser uma mulher transgênero em uma carta aberta publicada na revista Time, nesta segunda-feira (20).
A atriz conta que sempre se sentiu uma mulher, apesar de ser conhecido como um homem gay. “Quando eu era muito jovem, crescendo em uma pequena cidade no norte da Califórnia, as pessoas simplesmente assumiam que eu era gay”, explicou acrescentando que sempre se percebeu diferente dos outros garotos da sua idade.
“Então eu me vi desempenhando esse papel assim que entrei na indústria do entretenimento e as pessoas continuaram assumindo minha identidade. Numerosos repórteres me perguntaram em entrevistas como era ser um jovem gay. Eu mesma fui apresentada assim antes de receber um prêmio de uma organização de direitos LGBTQ+. Eu entendo que eles realmente não sabiam. Eu quase senti que devia a todo mundo ser aquele menino gay. Mas nunca foi assim que pensei sobre mim mesma.”, continuou.
Ela ainda justificou: “Meus pronomes são ela e dela . Eu me identifico no feminino, especificamente como uma mulher transexual. E meu nome é Josie Totah”
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A artista confidenciou também que desde muito nova já se sentia como gênero feminino. “Isso não é algo que acabou de acontecer. Esta não é uma escolha que eu fiz. Quando eu tinha cinco anos, muito antes de entender o significado da palavra gênero, eu sempre dizia à minha mãe que desejava ser uma menina. Quando eu pude falar em frases completas, e eu dizia coisas como ‘me dê um vestido!’, eu sempre soube de alguma forma que eu era mulher.”
Totah diz que se descobriu como transexual aos 14 anos, quando assistia um episódio da série “A Vida de Jazz”, que acompanha a história de uma adolescente transgênero que estava passando pela transição. “Eu olhei para ela no meio da série e disse: ‘esta sou eu. Eu sou transexual e eu preciso passar por isso’”, lembrou garantindo que desde o primeiro momento recebeu o apoio da mãe.
Confira abaixo a carta aberta da atriz:
“Atuar sempre foi minha paixão. Eu sou grata por papéis que eu pude interpretar em séries como Champions, e eu sei que tenho sorte de poder fazer o que eu amo. Mas também sinto que me deixei levar para dentro de uma caixa: “JJ Totah, menino gay”.
Quando eu era muito jovem, crescendo em uma pequena cidade no norte da Califórnia, as pessoas simplesmente assumiam que eu era gay. No playground, eu era o tipo de pessoa que queria cantar com as meninas, não jogar futebol com os meninos. Então eu me vi desempenhando esse papel assim que entrei na indústria do entretenimento e as pessoas continuaram assumindo minha identidade. Numerosos repórteres me perguntaram em entrevistas como era ser um jovem gay. Eu mesma fui apresentada assim antes de receber um prêmio de uma organização de direitos LGBTQ+. Eu entendo que eles realmente não sabiam. Eu quase senti que devia a todo mundo ser aquele menino gay. Mas nunca foi assim que pensei sobre mim mesma.
(…) Meus pronomes são ela e dela . Eu me identifico no feminino, especificamente como uma mulher transexual. E meu nome é Josie Totah.
Isso não é algo que acabou de acontecer. Esta não é uma escolha que eu fiz. Quando eu tinha cinco anos, muito antes de entender o significado da palavra gênero, eu sempre dizia à minha mãe que desejava ser uma menina. Quando eu pude falar em frases completas, e eu dizia coisas como “me dê um vestido!”, eu sempre soube de alguma forma que eu era mulher. Mas isso se cristalizou cerca de três anos atrás, quando eu tinha 14 anos e estava assistindo a série A Vida de Jazz com minha mãe.
A série era sobre Jazz Jennings, de 14 anos, uma adolescente transgênero que estava passando pela transição médica. Quando eu aprendi mais sobre a terapia de reposição hormonal, eu sabia que isso era o que eu tinha que fazer. Eu olhei para ela no meio da série e disse: ‘esta sou eu. Eu sou transexual e eu preciso passar por isso’. Minha mãe, que é incrivelmente solidária e gentil, disse: ‘ok, vamos fazer isso’. Três dias depois, eu estava me encontrando com meu pediatra, que me encaminhou a um especialista, que me passou um bloqueador hormonal. Daquele ponto em diante, eu fui acelerando as coisas.
(…) Ainda há coisas que me assustam. Documentos de identidade podem ser difíceis para pessoas transgêneras mudarem. Eu tenho medo daquele momento em que alguém olha para o ID, olha para a foto, olha para o marcador de gênero – olha para você. Eu nunca quero sentir que não sou permitido em algum lugar por causa de quem eu sou. Estou com medo de que ser transexual me limite dessa maneira. E tenho medo de ser julgada, rejeitada, de me sentir desconfortável, de que as pessoas olhem para mim de maneira diferente.
Mas quando meus amigos e familiares me chamam de Josie, sinto que estou sendo vista. É algo que todos querem, sentir-se compreendido. E, como uma pessoa semi-religiosa que frequentou a escola católica, passei a acreditar que Deus me fez transgênero. Eu não sinto que fui colocada no corpo errado. Eu não sinto que houve um erro cometido. Eu acredito que sou transexual para ajudar as pessoas a entender as diferenças. Isso me permite ganhar perspectiva, aceitar mais os outros, porque sei como é saber que você não é como todo mundo.
Quando eu estava em Glee, eu ficava observando Lea Michele. Ela era fabulosa. E foi divertido vê-la e as outras garotas usando vestidos e fazendo números musicais luxuosos. Mas também foi difícil, porque eu queria que fosse eu. É um sentimento que experimentei em quase todos os projetos em que trabalhei.
Esta semana começarei a fazer a faculdade. Eu também vou continuar minha carreira de atriz, e estou muito animada para fazer as duas coisas sendo eu mesma. Eu pretendo interpretar papéis que não tive a oportunidade de interpretar. E eu só posso imaginar o quanto será mais divertido interpretar alguém que compartilhe minha identidade, em vez de ter que me contorcer para interpretar um garoto. Eu vou preparada para esses papéis, seja de uma mulher transgênero ou de uma mulher cisgênero. Porque é um quadro em branco – e um novo mundo.”