Aplicativos de pegação são bem mais que uma forma de promover encontros. Sabemos que muitos garotos de programa fazem de plataformas como Grindr, Scruff e Hornet um meio de conseguir clientes.
Mas, em tempos de distanciamento social, onde encontros podem ser perigosos por conta de contágio e, estar nas ruas fere determinação de isolamento, os trabalhadores do sexo não estão encontrando alternativas para faturar.
Através desses aplicativos, falamos com 5 rapazes, todos residentes em São Paulo, que trabalham e dependem do sexo para pagar as contas. A situação de alguns é crítica e chegam a se arriscar nas ruas. Os nomes dos usuários foram trocados.
Andrey, 28 anos
“Em dezembro cheguei a fazer 10 programas na semana, em fevereiro, no carnaval, fiz o dobro. Sou de São Luís do Maranhão e divido apartamento com mais três. Se não fizer nada, tenho que sair do ap”.
Carlinhos, 24 anos
“Já cheguei a ganhar 2 mil reais em um dia, só que gastei tudo, nem imaginei que isso ia acontecer. Agora não posso sair e os caras não procuram mais a gente também. Nunca fiz na rua. Vou vender algumas coisas, jeans, camisas, relógios que tenho”.
Johnn, 31 anos
“Continuo atendendo se o cliente quiser, faço com mulher também e teve uma que disse que o marido ficou em outra cidade na quarentena, estou indo com ela sempre, porque é a única maneira, fora isso, ninguém procura”.
Polo, 26 anos
“Vim pra estudar. Agora que não vai dar mesmo, porque até fazer mercado tá difícil. Tem casal que procura porque tem relação aberta, mas já pergunta se teve tosse ou febre, qualquer 50 (reais) tá rolando, mas nem isso”.
Sérgio, 29 anos
“Ninguém tá chamando e eu até falo que sendo perto não pega nada, mas só conversa mesmo. Conheço uns (garotos de programa) que estão indo pra rua de boa, é o trampo dos caras”.