Uma gangue de quatro homens e uma mulher perseguiram uma jovem trans de 19 anos após um encontro com um de seus violentadores em uma estrada na Ucrânia. O ataque demorado e violento foi denunciado após a jovem dar entrada no hospital de Zhytomyr.
A jovem trans não identificada precisa de cirurgia para o nariz quebrado, o que não é possível no momento devido a restrições pela pandemia de Covid-19. O principal agressor tinha apenas 17 anos. As informações são do Pink News.
Os dois se conheceram através de um aplicativo de namoro e planejavam tomar um drinque no rio em Zhitomir, cidade a 140 quilômetros a oeste da capital Ucraniana, Kiev. De acordo com traduções do boletim de ocorrência da mídia local, o agressor teria reagido negativamente à informação de que a jovem era trans.
Ao chegarem no local marcado, o garoto de 17 anos forçou a jovem a fazer sexo oral nele. Ele então passou um telefonema pelo celular e levou a vítima para alguns arbustos. De acordo com ativistas de direitos LGBT+ na Ucrânia, a jovem foi levada a um carro com quatro outras pessoas dentro.
Os detalhes angustiantes do que se seguiu constam nos relatórios da polícia: os agressores despiram a jovem trans, a algemaram, quebraram seu nariz, a agrediram sexualmente e ameaçaram matá-la.
O ataque foi filmado em celulares
Depois de várias horas, durante as quais a garota diz ter estado desmaiada, e sem saber quantas pessoas a teriam estuprado, a gangue a forçou voltar para casa nua e sangrando, enquanto a seguiam no carro.
Antes de ele chegar em casa, eles a ameaçaram com uma faca e exigiram dinheiro. Mas a polícia da Ucrânia – onde os crimes de ódio com base na orientação sexual ou na identidade de gênero não são reconhecidos atualmente – contou uma versão diferente dos eventos.
A polícia de Zhytomyr está investigando o incidente apenas como roubo e afirma que o ataque foi “um conflito entre homens jovens”. Eles disseram que o sexo oral entre os dois era consensual e que o crime ocorreu porque a vítima “se passou por mulher em um aplicativo de namoro e chegou à data vestida com roupas femininas e usando maquiagem”.
“Um dos colegas suspeitava que o amigo não havia ido se encontrar com uma garota de verdade e um conflito eclodiu entre eles”, afirma o comunicado oficial à imprensa. Durante a luta, um carro passou pelos jovens. O motorista e os passageiros intervieram na situação.
Crime de homofobia
A vítima, que afirma que o exame médico dado a ela pela polícia não continha um estupro, está convencida de que o ataque foi motivado por homofobia e transfobia. Ela permanece no hospital e contratou um advogado.
Oleksandr Zinchenko, especialista da organização LGBT+ Nash Svit, disse ao The Kyiv Post que os insultos homofóbicos usados pelos atacantes durante o ataque apontam para o fato de que foi um crime de ódio. Segundo Zinchenko, em 2019, houve 123 casos de crimes motivados por homofobia e transfobia na Ucrânia.
“Às vezes, as vítimas são caçadas em aplicativos de namoro gay e são agredidas, bem como roubadas. Essas vítimas raramente vão à polícia por medo de discriminação”, disse Zinchenko. Um projeto de lei que tornaria os crimes de ódio contra pessoas LGBT+ uma ofensa específica foi proposto na Ucrânia, mas enfrentou uma reação massiva de grupos cristãos.