A psicóloga Ariane Senna, de 26 anos, relatou uma situação transfóbica na casa de shows Opera, situada em um bairro nobre de Salvador, na Bahia. A jovem que é uma mulher trans foi convidada a se retirar do local por um dos seguranças, enquanto dançava junto com outros dois casais de amigos na pista.
Para o jornal A Tarde, Ariane que também atua como vice-presidente do Conselho Estadual dos Direitos da População LGBT disse que a abordagem foi feita após ela estar há mais de uma hora no local. Ele veio e pediu para que o acompanhasse. Pedi para que meus amigos me seguissem, porque achei a abordagem estranha. Então, ele virou e disse para mim: ‘Você está sendo convidada a se retirar’. Questionei o porquê e ele me explicou que o dono da casa de show que pediu para eu sair, pois eu teria esbarrado nele enquanto estava dançando na pista”, relatou.
Foi neste momento que se iniciou uma discussão entre ela, o segurança e os seus amigos. A jovem chegou a gravar um vídeo no meio da confusão, mas pediram para que fosse apagado. “Meus amigos, então, começaram a ameaçá-lo, dizendo que todo mundo ia embora, e ele teria que devolver o dinheiro de todos. Foi quando ele disse que estava apenas me notificando, que a casa era um local de família. Ele só me deixou entrar novamente na casa quando eu apaguei o vídeo, mas, antes, compartilhei para todos verem. Ele pediu para apagar o vídeo para eu não ter provas concretas contra ele, além do testemunho dos meus amigos”, contou ela.
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Ariane acredita que o pedido para que se retirasse aconteceu, após ela ter beijado um homem. “Eu acredito que isso tenha motivado a discriminação. Ele deve ter sentido repugnância com o beijo”, disse. Apesar dos transtornos, a jovem decidiu continuar no local. “Eu fiquei muito mal, triste, sentada, enquanto meus amigos dançavam. Mas continuei ali para mostrar que sou superior a isso”, declarou.
A psicóloga acredita que sofreu um episódio de discriminação por transfobia. “Ser trans é difícil, mas ser uma trans negra, ‘grandona’, com braços largos é pior ainda”, afirmou.
Procurado, o dono da casa Luciano Santos negou que o seu sócio Júnior Guto, tenha cometido o ato por motivação transfóbica. “Ela estava esbarrando nas pessoas, empurrando todo mundo. Ela fez o mesmo com ele uma vez, foi ignorado, mas na segunda vez ele reagiu. Depois, ela começou a gravar, falando que estava sendo expulsa. Isso é tudo invenção, e eu pretendo entrar com uma queixa contra ela”, exclamou.