Multidão invade região da Avenida Paulista para protestar contra a "cura gay"

Por volta das 19h30, a multidão descia a rua Augusta entoando versos como "As gay, as bi, as trans e as sapatão, tá tudo organizada pra fazer revolução!" e cantando também "Um dois três, quatro cinco mil, pega a cura gay e vai pra puta que pariu!".
Por volta das 19h30, a multidão descia a rua Augusta entoando versos como "As gay, as bi, as trans e as sapatão, tá tudo organizada pra fazer revolução!" e cantando também "Um dois três, quatro cinco mil, pega a cura gay e vai pra puta que pariu!" (FOTO: Twitter)

Milhares de pessoas participaram de uma passeata na região da avenida Paulista e na região central, nesta sexta-feira (dia 22) em protesto à decisão judicial que possibilita que psicólogos possam oferecer tratamentos de reorientação sexual.

“É um absurdo criminalizar a população LGBT, falar que nossa orientação sexual ou nossa identidade de gênero é uma doença. Porque não é. E é um absurdo ter que protestar por causa disso em pleno 2017“, afirmou a jovem manifestante Victória Gonçalves, estudante de História e Ciências Sociais de 19 anos. “Estamos aqui para reivindicar nossos direitos de amar que a gente quiser e poder ser quem nós somos sem sermos recriminados por isso”, explicou enquanto carregava um cartaz com a seguinte mensagem: “Nossa sociedade está doente de normalidade”.

O protesto relatado pelo jornal El País, foi formado principalmente por jovens e começou a se organizar em frente ao MASP a partir das 17h. A manifestação teve inclusive confronto entre protestantes e policiais. Segundo relatos, duas pessoas acabaram sendo presas depois de um confronto com PMs.

A manifestante Meire Aparecida de Oliveira, de 48 anos, conta que é casada com uma mulher e que sua filha, de 17 anos, também é lésbica. “Outro dia uma amiga dela que estava com sua namorada foi agredida dentro do trem por ser lésbica. Então nos preocupamos muito”, relata a manifestante que também faz parte do coletivo Mães pela Diversidade“Quando a gente consegue ter o nosso espaço, sempre tem alguém querendo tirá-lo. Mas o que você faz entre quatro paredes não diz respeito a ninguém. Eu pago minhas contas, tenho minha vida profissional e minha vida cidadã como todo mundo”.

Grávida de sete meses, a protestante Ana Tainá Dias Moura se preocupa com o futuro de seu filho. “Não quero que ele viva em uma sociedade tão opressora como a nossa. Que ele possa ser o que quiser, gostar de quem quiser, sem ter todos os preconceitos em cima dele”, diz a jovem, que tem 21 anos e foi à manifestação com outras duas amigas.

O maior movimento é a parada e depois tudo acaba. As pessoas só voltam quando tem um massacre de Orlando ou esse absurdo da cura gay”, diz o jovem manifestante Arthur Berman, que tem 17 anos e está no ensino médio. O jovem palpita afirmando que acredita “a liminar vai cair”, mas afirma que que mesmo assim todos devem continuar “apreensivos com os movimentos da Câmara”.

“É a primeira vez que, fora a Parada Gay, nos reunimos para fazer algo. As últimas paradas perderam o foco e as pessoas vêm muito pela brincadeira. Mas aqui o pessoal pegou uma causa e tá apoiando. Porque quando um juiz abre a possibilidade de ‘cura gay’, ele tá errado”, explica o manifestante e professor José Roberto Leme. O que transforma um país, argumenta, “não é só a educação, porque a consciência das pessoas também tem que mudar”.

A passeata foi até o Largo do Arouche, no centro de São Paulo e a medida que os manifestante se aproximavam do seu destino destino final, por volta das 20h30, muitos aplaudiam as transsexuais que trabalhavam nas esquinas e hotéis da região.

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