Nesta semana, a cartunista Laerte Coutinho revelou detalhes sobre como ela e sua família lidam com a questão de sua mudança de gênero.
“Não tenho problema em ser pai, não tenho problema em ser avô também, e sou uma mulher. O meu neto entende isso, sabe disso. Ele tem um jeito muito engraçado de formular isso: ‘Você é menino e menina, né?’. Eu digo que sou”, conta.
Mesmo tratando a si mesma no feminino, Laerte explica: “Não sou mulher, sou uma pessoa trans. Tenho essa vivência no feminino, mas não sou uma mulher. Inclusive, isso é objeto de alguma hostilidade, como se eu estivesse pretendendo ser reconhecida como uma mulher ‘100% mulher’, coisa que não existe. Me apresento como uma pessoa transgênero, uma mulher trans”.
Por ter alcançado a fama e o reconhecimento do público enquanto se assumia como homem, Laerte revela que consegue entender quando alguém acaba a tratando no masculino:
“Passei minha vida inteira sendo conhecida como ‘conhecido’. Passei minha carreira toda vinculada a uma pessoa masculina, então eu respeito isso. Gosto da minha história também” conta a cartunista.
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“Não estamos falando da minha vida. Estamos falando da vida de milhões de pessoas. E não só as pessoas que estão se expressando de forma transgênera, são as pessoas que ainda vão se expressar. É a liberdade que estamos tentando conquistar para todo mundo“, comenta a respeito da exposição midiática que seu nome traz.
Na entrevista ao programa Documento Verdade, da Rede TV, a cartunista também contou que não acredita que mudou muito nem passou por muitas transformações desde que passou a se assumir como trans.
“Em termos de cabeça, nenhuma. Eu não virei outra pessoa, sou a mesma pessoa, mais satisfeita, mais tranquila, e, por causa disso, estou pensando melhor. Meu trabalho não se transformou porque agora sou mulher. Se transformou porque agora estou tranquila em relação às coisas que eram angustiantes para mim e eu não sabia” explicou.