Pabllo Vittar marcou presença na festa de lançamento de “Super Drags” sem deixar de lado o momento político pelo qual o Brasil passa. “Resistam sempre! Não deixem que ninguém cale os sonhos de vocês. A gente já fiz isso há tanto tempo. Amo vocês!”, declarou a drag queen ao fim de sua apresentação, sendo aplaudida pelo público presente.
Em meio aos temores da comunidade LGBT com a eleição de Jair Bolsonaro para a presidência, a Netflix realizou nesta terça-feira (dia 30) o evento de lançamento de Super Drags, seu primeiro desenho animado voltado para o público brasileiro, que traz Pabllo Vittar como uma das estrelas.
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Durante o evento comandado por Silvetty Montilla, a voz de Vedete Champagne na série, a maranhense Pabllo Vittar cantou pela primeira vez, a música original que gravou para o desenho animado intitulada “Highlight”. A cantora maranhense interpreta a heroína Goldiva no desenho animado.
Na série de animação da Netflix, que estreia no dia 9 de novembro, Patrick, Donny e Ramon trabalham em uma loja de departamento, com clientes irritantes e um chefe linha dura. À noite, o trio libera suas divas internas para se tornar Lemon Chiffon, Safira Cian e Scarlet Carmesim. As heroínas usam seus superpoderes para espalhar purpurina pelo mundo e lutar contra as forças do mal personificadas na personagem Lady Elza cuja voz original ficou por conta do ator Rapha Vélez.
Já a versão em inglês da série contará com as vozes de algumas das drags mais famosas do reality “RuPaul’s Drag Race”: Trixie Mattel, Ginger Ming, Shangela que interpretarão as super-heróinas e Willam que será a supervilã da série. Os nomes de Anderson Mahanski, Fernando Mendonça e Paulo Lescaut ficaram por conta da criação da animação nacional da Netflix.
Quem conferiu o evento de lançamento da série na boate The Week em São Paulo, pôde assistir a um desfile com drags de grande repercussão na cena LGBT nacional como Alexia Twister, Salete Campari, Miss Biá e Suzy Brazil que trabalhou no roteiro da animação além de ser responsável pela voz original do herói Juracy, homem gay que ficará conhecido graças ao seu rebolado.
Enquanto o entusiasmo se refletia na passarela e nos sorrisos do público presente, nos bastidores do evento, os temores sobre o futuro governo Jair Bolsonaro ainda eram mencionados. “Vai mudar muita coisa, a classe tem que se unir. Os homofóbicos incubados vão aproveitar agora pra ser quem eles sempre quiseram. Hoje em dia com a eleição do Bolsonaro eles vão tirar as máscaras”, afirmou ao UOL a drag queen Kimberley Bay.
“Acordei com os fogos. Me assustou um pouco porque moro na periferia e lá que o lugar que ele mais ataca, que é pobre, negro, LGBT, estavam comemorando a vitória dele. As pessoas não pararam para pensar. Além de eu ser drag sou trans. O meu medo é diário, só que hoje em dia aumentou pelo fato de ele ter dado a liberdade das pessoas fazerem o que querem”, declarou a drag Brunessa Lopes.
Uma das responsáveis pelo evento, me confidenciou inclusive, que em tempos onde casos de violência contra LGBTs vem ganhando maior repercussão na mídia, o marketing da festa entre outros detalhes, acabaram sofrendo alterações visando a segurança dos convidados e dos artistas presentes.
“É hora de montar!” parodiam as Super Drags no momento de seu empoderamento para lutarem contra os seus opositores. A referência aos Power Rangers e a outros elementos da cultura pop poderão ser conferidos na Netflix a partir de 9 de novembro, na Netflix. Trata-se do primeiro desenho animado com protagonistas drags lançado mundialmente. Não deixa de ser um tremendo grito de resistência aos tempos que estão por vir.