Psicóloga autora de decisão da ''cura gay'' afirma: "100% dos meus pacientes foram abusados"

Rozângela Alves Justino
Rozângela Alves Justino (Foto: Reprodução/TV Globo)

Um mês após o juiz Waldemar Cláudio de Carvalho conceder uma liminar que autoriza os psicólogos a submeterem seus pacientes a terapias de reversão sexual, a psicóloga e missionária evangélica Rozângela Alves Justino, uma das principais autoras do pedido, que derruba a resolução do Conselho Federal de Psicologia (CFP), explicou em entrevista à revista Veja o que pretende defender com a ação.

“Os principais pontos são o direito à liberdade científica, o direito de o paciente poder, voluntariamente, de forma reservada, buscar um profissional para atendê-lo em seu sofrimento, além do direito do livre exercício da profissão, uma vez que o CFP criou e restringiu direitos sem aquiescência do Congresso Nacional”, afirmou ela que teve o registro cassado por justamente burlar esta resolução do conselho.

Apesar de não responder se acredita que homossexualidade seja uma doença, Rozângela atesta que muitos dos gays sofreram algum tipo de trauma na infância. “Parte dessa raiz se encontra em traumas sofridos na infância e adolescência, incluindo o abuso e a violência sexual.”

Ela ainda revelou que todos os seus pacientes homossexuais relataram ter sofrido abuso sexual. “Em minha experiência clínica, posso afirmar que 100% daqueles que procuravam o atendimento psicoterápico sofreram abuso sexual na infância ou na adolescência.”

Leia Mais:

Filme sobre índio gay ganha novo trailer e será lançado no circuito nacional

Ministério da Saúde troca medicamento para o tratamento do HIV

Questionada se seria possível um heterossexual buscar tratamento para deixar a sua condição e passar a ter relações com pessoas do mesmo sexo, Rozângela ponderou. “É possível que algumas pessoas que tenham passado por frustrações no relacionamento com a pessoa do sexo oposto possam se ver experimentando um relacionamento com pessoa do mesmo sexo e sentirem alguma forma de prazer ou de compensação”, descreveu.

“Vale ressaltar que, em se tratando de atendimento de profissional da psicologia, não cabe a ele forçar ou induzir a mudanças que o paciente não deseja, mas apenas apoiá-lo naquelas que ele mesmo pretende efetivar em sua vida”, completou ela que acusou a imprensa e os movimentos LGBTs de persegui-la.

Entenda o caso

O juiz Waldemar Cláudio de Carvalho assinou uma decisão em caráter liminar, no último dia 15 de setembro, que passava a autorizar os psicólogos a oferecer procedimentos de reversão sexual a pacientes que apresentassem algum tipo de conflito com a sua sexualidade.

O despacho reverte a resolução de 01/1999 do CFP, que proíbe justamente os profissionais da área de tratarem pessoas que apresentem conflito por causa da sua orientação sexual, seguindo as normas da Organização Mundial de Saúde (OMS), que desde 1990 não caracteriza a homossexualidade como uma doença.

Desde que foi divulgada, a decisão judicial foi amplamente criticada por vários setores da sociedade, que chegaram a organizar protestos nas suas mais diferentes formas, que fizeram protestos contrários à liminar.

O CFP entrou com recurso contra o despacho exigindo a sua reversão, e também solicitou que o juiz voltasse atrás da decisão, porém, o magistrado manteve a sentença, e que fossem seguidos os ritos normais do processo.

 

Inscrever-se
Notificar de
0 Comentários
mais antigos
mais recentes
Feedbacks embutidos
Ver todos os comentários