Os cinco ativistas terão de comparecer a um tribunal no fim de maio e podem ser condenados a dez dias de prisão; quatro deles já foram libertados, com exceção de um cidadão italiano
A Polícia russa deteve nesta quinta-feira, 11, cinco ativistas que queriam entregar ao Ministério Público russo uma petição para investigar a perseguição a homossexuais na Chechênia, afirmou um dos detidos.
“Nos prenderem antes de entrarmos ao edifício do Ministério Público no centro de Moscou. Passamos quatro horas detidos. Nos acusam de organizar um protesto não autorizado”, disse Nikita Safrónov, de 25 anos, após ser posto em liberdade.
Os cinco ativistas terão de comparecer a um tribunal no fim de maio e podem ser condenados a dez dias de prisão. Quatro deles já foram libertados, com exceção de um cidadão italiano, que ainda estava sob custódia, afirmou Safrónov.
“As autoridades estão obrigadas a oferecer um intérprete. Ele é membro da organização (ONG) All Out”, comentou. Os ativistas foram até a sede do Ministério Público, no centro de Moscou, com várias caixas vazias, que simbolizavam as mais de 2 milhões de assinaturas colhidas para pedir uma investigação sobre os maus-tratos sofridos pelos gays chechenos.
“Temos provas dos abusos. Eu conversei pessoalmente com um casal que foi mantido em uma prisão secreta. Vi os hematomas deles”, apontou.
Há uma semana, o presidente russo, Vladimir Putin, respaldou a investigação de abusos depois que a chanceler alemã, Angela Merkel, pediu a ele, em Sochi, uma providência nesse assunto.
Recentemente, o jornal independente russo Nóvaya Gazeta publicou uma reportagem no qual denunciou a perseguição e assassinato de homossexuais na Chechênia e a existência de cárceres privados nessa república russa, de maioria muçulmana, no Cáucaso Norte.
Nóvaya Gazeta entregou os nomes de três homossexuais mortos em circunstâncias estranhas na Chechênia ao Comitê de Instrução da Rússia, segundo informaram à agência EFE fontes do jornal. O líder da Chechênia, Ramzán Kadírov, qualificou a publicação de “provocação” e “calúnia”, ainda que na semana passada tenha se manifestado disposto a cooperar com as autoridades federais na investigação das denúncias.
“Não se pode deter ou perseguir a quem simplesmente não existe na república. Se na Chechênia houvesse essa gente, os órgãos de segurança não teriam de se preocupar com eles, já que seus próprios parentes os enviariam a um lugar de onde nunca regressariam”, disse Alví Karímov, porta-voz de líder checheno.
Fonte: Estadão