Após criticar os gritos homofóbicos proferidos nos estádios, tão comuns durante os jogos de futebol de todo o mundo, o torcedor gay do Palmeiras, William de Luca, de 32 anos, se tornou alvo de vários amantes do seu próprio time que não gostaram da mensagem contra a discriminação que sentiu durante um dos últimos jogos do clube.
Veja também:
- Apesar de recorde histórico, investimento federal LGBTQIA+ ainda é insuficiente
- Legislação transfóbica desafia movimento trans e aliados a investirem em resistência institucional
- Associações defendem direitos de crianças e adolescentes no STF contra lei que censura a Parada LGBTQIA+
- CNJ proíbe discriminação de pessoas LGBTQIA+ na adoção, guarda e tutela
- Enquanto aguarda nomeação de Lula, PGR interina defende direitos de travestis e transexuais presas
- Como ser um aliado de pessoas trans sem invisibilizar e protagonizar seu papel
- Crivella deixa cariocas sem remédio para tratamento da AIDS
- Ex-empresário de Dudu Camargo diz que apresentador quer mudar imagem de gay assediando mulheres
- World Athletics diz que atletas trans não podem ser proibidos de competir em SP
- Assexualidade gera dúvidas e polêmica entre LGBTs
- Quadrinho do Chico Bento mostra conceito de família com casal gay
- Japão testa drogas anti-HIV contra coronavírus em meio a aumento de casos
- Homofobia: professor é espancado e torturado por horas após ter vídeo íntimo vazado
- Coronavírus: precisamos nos alarmar no carnaval? Dr. Maravilha explica
- Presidente Bolsonaro veta propaganda do Banco do Brasil que investia em diversidade
- Ney Matogrosso: o deus camaleônico da música brasileira
- Homofobia Velada
- Professor de Direito do interior da Paraíba é novo Colunista do Observatório G
A mensagem escrita pelo jornalista que ganhou repercussão foi publicada durante a partida do “verdão” contra o São Paulo, na quinta-feira (08), no Allianz Parque. Nela, ele criticava os cânticos feitos à torcida rival, que dizem que “todo viado nessa terra é tricolor”, no post feito no Twitter, ele se disse exceção à “regra”.
“Eu mesmo, viado e palmeirense, e que cola em TODOS os jogos”, escreveu. O tweet repercutiu dentre a comunidade do time paulista e William começou a sofrer muitas ameaças homofóbicas entre elas promessas de agressão e até juras de morte.
“Já recebi informações de que tem gente de torcida organizada que quer ‘me pegar’ para me usar como ‘exemplo’. Já tenho dezenas de prints, já tenho relação de nomes, e amanhã estou na delegacia de crimes cibernéticos para tomar as devidas providências.”, escreveu William em outra mensagem no Twitter.
Ao UOL, ele afirmou que espera que a sua posição possa encorajar outros palmeirenses gays. “E eu não me calo ante a homofobia, seja de uma ou de 40 mil pessoas, porque a gente já se calou por muito tempo. A gente vai em estádios desde de sempre, e sempre calados. Precisamos falar sobre isso. Espero que os outros palmeirenses gays que vão a estádios também levantem sua voz.”
Leia Mais: Relatório revela crescimento em mortes de lésbicas no Brasil
O jornalista ainda voltou à rede social para se desculpar com aqueles que apesar de serem palmeirenses não se enquadram no grupo dos homofóbicos. “Peço desculpas a parte da torcida do Palmeiras que se sentiu incluída no meu comentário mesmo sem ser homofóbica. Sei que temos muitos progressistas entre nós e muitos palmeirenses foram solidários e carinhosos para comigo depois da repercussão do post”, disse.
Apesar dos pesares, William garante que a maior repercussão foi positiva.“Muitos palmeirenses me convidando para ir com eles no jogo. Teve um dirigente da Portuguesa que veio me procurar, falar que já aconteceu no estádio. Muita gente já se sentiu desse jeito, já passou por isso, e agora vai falar”, contou ao SporTV.
A reportagem feita ao programa do canal a cabo esportivo emocionou o comentarista Walter Casagrande. “Essa atitude foi fantástica. Apoiei e gostei muito. A pessoa que está em casa pode achar muito fácil defender ou atacar, porque não sente na pele. Eu sinto na pele porque sou dependente químico. O que me ofendem nas redes sociais, me chamam de viciado, drogado…Não posso falar nada de ninguém por causa do meu passado. Quem sou eu para falar de alguém se fiquei internado. Eu sofro isso diariamente”, afirmou o ex-jogador.