A cena drag queen no Brasil sempre foi rica, mas ficou cada vez mais nos últimos anos. Um grande motivo por trás disso é o sucesso do programa RuPaul’s Drag Race, que tem no Brasil uma de suas maiores audiências e influências. Agora, além de Pabllo Vittar fazendo sucesso internacional, muitas outras drags também merecem destaque.
Por isso, a fotógrafa Jal Vieira criou o projeto Aqueenda (união da gíria “aquenda”, significa chamar a atenção, e “queen”, rainha em inglês). Desde 2014, ela fotografa diversas dessas artistas nacionais, mostrando não só o talento como também o lado humano de cada uma delas. Conheça algumas das mais impactantes, com comentários da própria Jal:
Márcia Pantera. “Com 28 anos de carreira, Márcia Pantera traz, não só no nome, mas em seu posicionamento como artista, a força e o brilho da arte que sustenta e representa magistralmente (…) Foi uma das primeiras drags que o Projeto Aqueenda acompanhou na correria das noites. Ela é um grande aprendizado e presente para qualquer um que esteja um pouquinho próximo dela. É daquelas figuras generosas que dividem o que têm e o que aprenderam dos palcos e de seus bastidores nesses anos de carreira”.
Alexia Twister. “Uma das drags que mais me impressionam no palco e fora dele também. Alexia é uma drag completa: tira os lipsyncs de letra (literalmente), arrasa como dançarina e é uma atriz de primeira. Suas performances como Lady Gaga e Madonna já receberam o reconhecimento das próprias cantoras e deixam qualquer um babando (…) Foi a primeira artista e receber o Projeto Aqueenda e a experiência não poderia ser melhor: seu posicionamento de artista é impecável e sabe conduzir bem sua imagem nos palcos, a recepção com os fãs e a relação com as colegas de trabalho”.
Ikaro Kadoshi. “Com 17 anos de carreira, essa drag queen leva ao limite o estudo de cada performance, música, gesto e interpretação escolhidos para apresentar ao público. Emoção é a palavra chave de seus shows. Ikaro consegue provocar lágrimas e sorrisos ao mesmo tempo e leva seu público ao nirvana com cada interpretação que faz. E deixa a certeza de que a cada entrada no palco, cada um irá experimentar mais um desafio de conter a emoção diante deste artista”.
Musa e Hidra Von Carter. “Se você gosta de musicais, fique na cola das apresentações desta dupla. Nossa maior surpresa, foi vê-las performando “A Família Addams”. Me lembro poucas vezes de ter gritado e aplaudido tanto um espetáculo. Sim, porque o que elas fazem no palco vai além do que se espera. Elas fazem arte, no seu maior significado. A dupla se combina perfeitamente para criar uma explosão de sensações. Hidra cuida sempre da performance e Musa dos looks arrasadores”.
Danny Cowlt. “Com sua carreira iniciada no final de 1998, Danny Cowlt já começou com sua identidade bem definida. Se destacava como poucas por sua androginia e imagem impactantes. No palco se transforma num ser misterioso e estrondoso. Sua ousadia nos shows deixa o público num misto de euforia e admiração”.
As Deendjers. “As Deendjers dispensam apresentação: já são fenômeno internacional. Nos últimos meses, se apresentaram em bares famosos de Los Angeles e foram as únicas brasileiras convidadas para a festa da season premiere de RuPaul’s Drag Race. Quando cheguei perto delas pela primeira vez, quase levei um susto. Não há uma vírgula fora do lugar, um pozinho de make que esteja borrado, um cílio no lugar errado. A perfeição é tão incrível que todo mundo se choca”.
Lamona Divine. “Lamona é outra que divide o páreo de look mais impecável com as Deendjers. Suas performances costumam ser sedutoras e encantam todos que a assistem. Apesar de ser super nova, já tem mais de 10 anos de experiência como Drag queen e leva seu trabalho muito a sério. Além das montações incríveis, é uma drag queen que fotografa muito bem nas câmeras e já participou de diversas produções e videoclipes da mídia”.
Manoon Topins. “Manoon é uma das drag queens da nova geração mais bombadas de São Paulo, mas com um diferencial que deixa tudo ainda mais interessante: Manoon Topins é uma mulher cisgênera, que encontrou na arte drag uma maneira de se expressar e ser tudo que sempre quis ser. Além da militância Drag, Manoon usa suas performances para se expressar como mulher em uma sociedade majoritariamente misógina – mesmo que no meio gay”.
Aretha Sadick. “Aretha é uma artista multifacetada. Se passar pelo canal dela no YouTube, que faz parte do coletivo Drag-se, vai encontrar dica de maquiagem, música, performance, entrevista… Uma das faces mais interessantes de sua expressão é o destaque à cultura negra. Aretha sempre busca ressaltar em seu trabalho a relevância da militância negra e de artistas que seguem essa vertente, como Liniker e As Bahias e a Cozinha Mineira, seja performando suas músicas ou abrindo seus canais de comunicação para a voz dessas figuras”.
Ivana Wonder. “Essa drag queen ousa nos looks e se pauta nas makes estilo club kid, nome dado à geração que surgiu em Nova Iorque propondo looks lúdicos e andróginos considerados inovadores. Além da beleza e do talento no look, Ivana usa suas habilidades como cantora nas performances, interpretando músicas icônicas do bolero brasileiro e prestando homenagem a artistas renomados da música nacional e internacional”.
Rita von Hunty. “Rita Von Hunty chama atenção não só por sua beleza, mas por ter como melhor arma sua perspicácia e inteligência. Seu humor ácido e rápido garante às suas performances um sabor peculiar. Falando em sabor, ela apresenta o Tempero Drag, um canal que mistura culinária, humor e militância LGBT”.