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Medicamentos especiais do SUS ignoram pessoas trans

Medicamentos especiais do SUS ignoram pessoas trans

O sistema público de saúde disponibiliza medicamentos para doenças raras ou de alto custos. A relação desses medicamentos, em Minas Gerais, contempla quase 110 problemas de saúde. Entre eles, diabetes mellitus, acne grave, anemia de pessoas com doença renal crônica, asma, artrite reumatoide, colesterol alto.

O que chama a atenção é a exclusão de uma situação!

Não é a obesidade. Ela atinge em torno de 42 milhões de pessoas no Brasil. Quando indicado, medicamentos podem ser encontrados com facilidade nas farmácias, por preço a partir de R$15,00.

Existe um tumor na hipófise, glândula logo abaixo do cérebro, que produz hormônio de crescimento em altas doses, e produz um quadro chamado acromegalia. Uma das medicações que podem se usadas custa R$4.800,00. Sabe quantos brasileiros desenvolvem este tumor por ano?

Aproximadamente 214 pessoas…

Psoríase é um problema de pele, com quadro clínico que pode ser muito desconfortável. São lesões na pele que ficam a vista. Pode ocorrer uma inflamação nas articulações das pessoas que convivem com esse problema: artrite psoriática. Uma das medicações possíveis de ser usada custa entre 3 e 11 mil reais.

Por volta de 428 mil pessoas no Brasil necessitam de tratamento para essa artrite.

Quantas pessoas você conhece que chegaram a um pronto-socorro com risco de desenvolver um infarto? Anualmente é estimado que, no Brasil, 128 mil pessoas enfrentam esta situação. Há uma medicação, também fornecida pela saúde pública, usada para reduzir esse risco. Custa a partir de inacreditáveis…

Doze reais.

Está lá, na lista. Nada contra.

Mas…

As pessoas transvestegêneres masculinas, popularmente “homens tras”, usam testosterona. A dose é de uma ampola a duas por mês (no Brasil, não há comprimidos de testosterona). A única formulação atual com disponibilidade regular nas farmácias, após aumento criminoso por parte do laboratório, custa R$200,00 por 3 ampolas. Supondo que a dose seja uma ampola por mês, o gasto anual seria R$800,00.

Não tem testosterona na relação…

Igualmente não há bloqueador de testosterona (demarcado como para uso das pessoas trans) na relação…

Tão pouco existe estradiol para pessoas trans femininas…

Sabe qual a estimativa de pessoas trans no Brasil? Cerca de 2%. Ou seja, dos 214 milhões de habitantes, 4.280.000 são transvestegêneres.

Um número maior que o de pessoas com artrite psoriática…maior que o de pessoas com ameaça de infarto no pronto socorro…quatro vezes mais o número de pessoas com alzheimer.

Na relação os problemas de saúde são catalogados pelo CID. O que corresponderia às pessoas trans não existe.

Apesar da portaria do processo transexualizador já ter 10 anos, a saúde pública continua ignorando 4,3 milhões de pessoas, mas não ignora grupos menores.

Por que será?