No contemporâneo, temos assistido à naturalização de discursos que exalam a negação explicita das singularidades do outro como alguém com direito a existir, num desejo, por vezes, de cimentar às diferenças humanas. O assustador, neste contexto, é evidenciar uma sociedade que não se espanta com tais manifestações de barbárie, percebe-se que há, institucionalizado, um terreno fértil para excreções morais, insufladas frente a comunidade LGBTQIA+, segmento potente em lutas pela igualdade de oportunidades, pelos direitos ementares a própria dignidade humana.
Fica evidente que alguns segmentos sociais, por esgotamento de pautas e por colonizações de “conceitos empoeirados”, fincados numa ideologia segregadora, tomam por luta de extermínio, numa dimensão de bodes expiatórios, a comunidade LGBTQIA+, justificando a generalizada crise de esgotamento moral enraizada nestes segmentos excludentes que discursam como justificativa, para o sequestro de direitos, a já decadente “decência moral”.
Minha preocupação se volta, de fato, a percepção do quanto estamos primatas no sentido de respeitar a diversidade, e no âmbito do entendimento de que urge a compreensão que cada ser humano se constrói legítimo, por isso não deve ser tratado como alguém que virou isso ou aquilo, ele simplesmente é, existe, e tem o direto de ser presença no mundo.
Observo assim, que viver a máxima da comunidade LGBTQIA+, é um ato de coragem, de resistência, de celebração da vida, e ainda, da constância da boa luta, onde respeitar a condição do outro como legítimo outro é mostrar, por exemplo, que você, leitor desse texto, não caiu na vala da mediocridade, na qual ainda persistem, pessoas governadas pela crença limitante de viver nesse mundo negando à diversidade humana e tomando para si a barbárie em decidir quais vidas importam, o que me oportuniza recordar de uma costureira famosa, vizinha de bairro, em uma das cidades onde morei, dizia a sábia senhora: “Quem não gosta de gente, mas de gente de verdade, como elas são, que fique bem longe de mim”.