Waiting for B - Por que você precisa assistir o documentário dos fãs da Beyoncé?

Cena de Waiting for B
Cena de Waiting for B (Foto: Divulgação)

DIVERTIDO, SENSÍVEL E SURPREENDENTEMENTE PROFUNDO.

Tem coisa mais gostosa do que ir no cinema esperando algo e ser surpreendido positivamente?

Waiting for B poderia ser apenas um documentário sobre o fanatismo de um grupo de admiradores de uma diva pop que resolveram acampar 2 meses em uma fila para esperar por um show, mas ele vai muito além disso ao mostrar a rotina dessas pessoas bem como seus conflitos, desejos e receios.

Através de um olhar sensível do diretor PC Toledo, o documentário revela que a fila é muito mais do que um ponto de encontro, mas também um refúgio para aqueles que fora da fila não conseguem estabelecer um diálogo nem mesmo dentro da própria casa.

Personagens que são verdadeiros protagonistas da fila, se apagam totalmente fora dela. Como se eles só pudessem existir tais como são apenas ali, em uma fila ao lado de pessoas que compartilham de uma mesma a paixão: Beyonce.

O documentário é muito feliz ao registrar os contrastes de forma muito sutil, como em um momento onde um gay se maquia para se montar como a Beyonce, enquanto o enquadramento aberto mostra o padre Marcelo Rossi em meio a uma missa na TV. Embora não seja falado, quem é gay sabe o quanto a religião dificulta a nossa vida, ora por dizer que somos doentes (como o próprio padre Marcelo já o fez), ora dizendo que “homossexualidade se resolve na porrada” como ja foi falado por algum desses pastores homofóbicos.

Confira a entrevista que fizemos com o diretor e um dos fãs do documentário:

O melhor é que o documentário consegue transmitir muito e causar reflexão sem precisar se apoiar em gráficos, números e estatísticas, as melhores informações são passadas apenas com a observação e dispensam até mesmo diálogos. Da pra notar que em determinado momento os meninos esqueceram que a câmera estava ligada, dando ao vídeo o tom espontâneo que ele alcançou.

A questão racial, bem como a social também são exploradas neste registro que também aponta através de um dos depoimentos o quanto uma paixão pode fazer uma pessoa crescer se bem canalizada. É o caso de uma fã que mesmo sem grandes recursos, aprendeu inglês para poder entender as mensagens que a Beyonce passa em suas letras.

Embora o documentário toque em assuntos sensíveis e por vezes desagradáveis, afinal, existem alguns males que precisam ser mostrados, como o caso de um menino que apanhou do próprio tio policial a pedido da mãe que queria resolver o “problema” dele. É fato que o alto astral impera durante a maior parte do tempo e as risadas são garantidas.

Chega a ser impressionante ver que mesmo sendo julgados por serem negros, gays e pobres o humor e a alegria prevalecem, como se a alegria fosse a maior arma dessas pessoas que na maioria das vezes são julgadas pela forma de amarem, seja uma pessoa do mesmo sexo ou uma diva pop.

O filme contribui significativamente para abrir a cabeça das pessoas no sentido de fazer com que elas entendam que ninguém escolhe ser gay, afeminado e afins… Pode até não parecer, mas nós também temos sentimentos e se muitas vezes não demonstramos é porque infelizmente muitos não podem se dar ao luxo de desabarem, pois nem sempre terá alguém para nos levantar.

Para algumas pessoas só resta a opção de ser forte para não se deixar abalar, para outros uma fila do show da Beyonce com bichas bem pintosas pode ser um porto seguro improvisado com dia e hora pra acabar.

Waiting for B estreia dia 2 de fevereiro em todo Brasil nos cinemas através da Sessão Vitrine!

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