Entrevista com Levy Cruvinel: Liderança Jurídica e os Desafios do Setor de Comunicação

A cada decisão tomada nos bastidores de um grupo de comunicação, há um trabalho estratégico que muitas vezes não aparece para o público, mas que é fundamental para o sucesso das operações. Nesse cenário, onde agilidade e precisão caminham lado a lado, o departamento jurídico se torna uma peça-chave – e é aí que entra Levy José Cruvinel Neto. Com 19 anos de experiência na área jurídica e administrativa, Levy lidera há 10 anos o jurídico do maior grupo de comunicação do Centro-Oeste, um conglomerado que reúne 11 rádios, 11 emissoras de TV, quatro jornais, uma imobiliária e duas holdings empresariais.

Sua atuação vai muito além do papel técnico. Levy transformou o jurídico em um setor estratégico, que não apenas garante conformidade, mas também antecipa riscos, impulsiona a inovação e contribui diretamente para os resultados da empresa. Nesta entrevista, ele reflete sobre os desafios que enfrentou, as soluções que implementou e o futuro da gestão jurídica.

Repórter: Levy, como começou sua trajetória no Direito e o que te motivou a seguir essa carreira?

Levy Cruvinel: Eu sempre tive uma visão de que o Direito poderia ser muito mais do que algo técnico, restrito às leis. Ele poderia ser uma ferramenta prática para ajudar empresas a crescerem e se estruturarem de forma sólida. Comecei minha carreira em Goiânia, onde me formei em Direito, e tive a oportunidade de trabalhar em grandes empresas nacionais. Esse período foi muito importante para ampliar minha visão, porque me deu contato com diferentes mercados, demandas e dinâmicas empresariais.

Quando surgiu a oportunidade de liderar o jurídico do maior grupo de comunicação do Centro-Oeste, em 2015, encarei como um desafio que ia muito além do que já tinha feito. Era um conglomerado diverso e com uma operação muito dinâmica, então sabia que precisava repensar a forma como o jurídico se conectava às outras áreas da empresa. Meu objetivo, desde o início, foi transformar o jurídico em algo estratégico, que participasse diretamente das decisões do grupo.

Repórter: Como foi esse processo de transformação do jurídico dentro do grupo?

Levy Cruvinel: Foi desafiador, mas extremamente recompensador. Quando cheguei, percebi que o jurídico era muito visto como um setor reativo, que só entrava em cena quando havia um problema a ser resolvido. Isso precisava mudar.

Começamos a reestruturar os processos internos, trazendo mais eficiência e segurança. Implementamos políticas de compliance, revisamos o fluxo de contratos e adotamos ferramentas tecnológicas para automatizar atividades mais repetitivas. Tudo isso foi feito com o objetivo de liberar a equipe para se concentrar em demandas mais estratégicas.

Hoje, o jurídico é uma área integrada às decisões do grupo. Não somos apenas uma área técnica; somos um parceiro que ajuda a identificar oportunidades, antecipar riscos e contribuir para o crescimento sustentável da empresa.

Repórter: O setor de comunicação é conhecido por ser extremamente dinâmico. Como o jurídico lida com esse ritmo acelerado?

Levy Cruvinel: Esse é um dos pontos mais desafiadores da nossa atuação. A comunicação é um setor onde tudo acontece muito rápido: mudanças no mercado, novas tecnologias, alterações nas regulamentações. Isso exige que o jurídico seja ágil e tenha uma visão clara das prioridades do grupo.

Algo que mudou muito nos últimos anos foi a gestão de dados. Com a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), passamos a lidar com um volume ainda maior de demandas relacionadas ao uso e proteção de informações. Garantir que tudo esteja em conformidade com a legislação, sem travar os processos do grupo, é uma tarefa delicada. Exige atenção aos detalhes, mas também criatividade para encontrar soluções que sejam eficazes e práticas.

Além disso, cada segmento do grupo – seja rádio, TV, jornais ou imobiliária – tem suas especificidades. Então, nossa atuação precisa ser flexível, mas sem perder a visão geral do negócio.