Minha caminhada ministerial sempre me levou a lugares inesperados, mas foi nas missões
internacionais que vivenciei os maiores desafios e aprendi as lições mais profundas sobre
liderança e resiliência. Entre todos os países onde tive a oportunidade de atuar, a
Venezuela destacou-se como o cenário mais desafiador. Cheguei ao país em um momento
de caos absoluto, com uma economia em colapso, inflação desenfreada e uma crise
humanitária que afetava milhões de pessoas.
A realidade que encontrei era desoladora, famílias inteiras lutavam para sobreviver em meio
a uma inflação que fazia os preços subirem várias vezes ao dia. Produtos básicos, como
alimentos e medicamentos, eram quase inexistentes nas prateleiras, e a tensão política
permeava todos os aspectos da vida cotidiana. Era, sem dúvida, um dos piores cenários
que já vivenciei em meu ministério. No entanto, eu sabia que meu propósito ia muito além
de liderar as 160 igrejas locais e os mais de 300 pastores sob minha supervisão. Era minha
responsabilidade levar esperança, suporte e soluções práticas para os milhares de
membros e simpatizantes da nossa instituição.
Minha esposa e eu assumimos a missão com total dedicação, conscientes de que a
situação exigia não apenas esforços espirituais, mas também ações práticas. Visitávamos
regularmente os lares dos pastores e de suas famílias, levando produtos de higiene,
alimentos, remédios e roupas.
Nosso objetivo era garantir que cada um se sentisse cuidado e amparado, como se fosse
parte da nossa própria família. Em um contexto de escassez e desespero, cada gesto se
tornava um alívio necessário e um lembrete de que eles não estavam sozinhos.
Apesar das dificuldades, o progresso foi notório ao longo de nossa missão, pois
conseguimos inaugurar mais 60 igrejas, expandindo nossa presença para regiões que antes
não tinham acesso à palavra de Deus. Com essa expansão, o número de membros cresceu
exponencialmente, passando a reunir cerca de 40 mil pessoas semanalmente em nossos
cultos, esse crescimento não foi somente numérico, mas também espiritual, refletido nos
testemunhos de transformação que recebíamos regularmente.
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Os projetos sociais foram outro pilar importante do nosso trabalho, organizamos ações para
distribuir alimentos e medicamentos, fornecemos cuidados médicos para crianças e idosos,
e levamos palavras de conforto e apoio para presídios e hospitais. Muitos dos que
atendemos estavam em situações extremas, como dependência de substâncias químicas
ou marginalização social. No entanto, com dedicação e trabalho em equipe, ajudamos
muitas dessas pessoas a se ressocializarem e reconstruírem suas vidas.
Um dos momentos mais marcantes foi um culto que realizei em um bairro extremamente
carente, preguei sobre esperança em meio à adversidade, e pude ver nos olhos das
pessoas que a mensagem tocava seus corações. Muitos vieram depois para compartilhar
como aquela palavra havia renovado suas forças para continuar lutando, mesmo em um
cenário tão desafiador.
Durante os quatro anos que passamos na Venezuela, testemunhei o impacto transformador
do trabalho comunitário e espiritual. Relatos de gratidão chegaram de todas as partes: mães
que tinham alimento para dar aos seus filhos, idosos que recebiam atendimento médico, e pessoas que, um dia, haviam perdido tudo, mas encontraram forças para recomeçar. Cada
testemunho era uma prova viva de que, mesmo em meio ao caos, é possível fazer a
diferença.
Essa experiência não apenas me ensinou sobre liderança em tempos de crise, mas também
reforçou a importância de nunca desistir, independentemente das circunstâncias. A
Venezuela foi um campo de aprendizado, um teste de resiliência e, acima de tudo, uma
oportunidade de viver a essência do ministério: servir, apoiar e transformar vidas.
O trabalho que realizamos ali continua a inspirar minha jornada e a de tantos outros que
participaram dessa missão. A fé, quando combinada com ação prática, pode ser a luz em
meio às trevas, trazendo esperança onde parecia não haver mais solução, essa é a
verdadeira essência do nosso chamado.
