No dia 4 de setembro, o CATS – primeiro Coletivo de Artistas Transmasculines do Brasil, lança uma Carta-Manifesto, também em vídeo, nas redes sociais do grupo inaugurando as atividades do coletivo.
O CATS surgiu quando os artistas homens trans Leo Moreira Sá, ator, dramaturgo e lighting designer, e Daniel Veiga, dramaturgo, ator e diretor, se encontraram no início deste ano para buscar um caminho que pudesse reverter o cenário de invisibilidades que insiste em apagar artistas transmasculines no Brasil.
A partir da troca de conversas sobre suas vivências e observações de mundo, Leo e Daniel elaboraram uma Carta-Manifesto (veja abaixo) com o objetivo de criar um potente instrumento na luta contra a invisibilidade de artistas transmasculines.
O CATS tem diversos objetivos, entre eles, gerar mais oportunidades de trabalho para artistas transmasculines, inclusive em produções próprias; divulgar plataformas com informações sobre os artistas, nas quais produtores, diretores e criadores artísticos podem buscar por tais profissionais; o desenvolvimento de um canal no YouTube voltado ao público em geral e que, com ineditismo, documente a história da luta transmasculina brasileira, com o propósito de fortalecer o movimento, além do acompanhamento e da fiscalização de políticas públicas que atendam às demandas destes artistas.
Morte e vida de homens trans e transmasculines
A decisão de trazer luz à discussão sobre a invisibilidade transmasculina nas artes foi impulsionada por um acontecimento trágico: o suicídio de Demétrio Campos, um jovem ator e bailarino trans negro periférico. Nascido em uma comunidade do Rio de Janeiro, Demétrio havia recém se mudado para São Paulo e estava tentando impulsionar sua carreira artística quando o isolamento provocado pela pandemia do covid-19 causou o cancelamento de diversos projetos na área, lançando-o em uma situação ainda mais precária, algo comum entre artistas, sobretudo pessoas trans.
Um estudo realizado pelo Núcleo de Direitos Humanos e Cidadania LGBT do departamento de Antropologia e Arqueologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) concluiu que 85,7% dos homens trans já pensaram em suicídio ou tentaram cometê-lo. Enquanto travestis e mulheres trans são assassinadas em números que só crescem a cada dia, homens trans são suicidados pela transfobia estrutural. Esses números alarmantes não são divulgados, contribuindo para a falta de empatia e os cuidados com pessoas com essas identidades.
Com os primeiros encontros virtuais dos CATS, aos poucos, redes de contato foram criadas. Atualmente, o CATS já reúne 50 integrantes além de trabalhar em suas primeiras diferentes ações, como uma série de lives e outros conteúdos. E isso é só o começo, pois o CATS já tem muitas atividades previstas para alavancar a inserção de artistas transmasculines e homens trans no mercado de trabalho e nos campos da construção de imaginários, representatividades e pluralidades do fazer artístico e de corpos sociais respeitados pela sociedade.
Instagram: @cats_trans | Facebook: Coletivo de Artistas Transmasculines| Twitter: @coletivocats |
YouTube: CATS – Coletivo de Artistas Transmasculines
TEASER | Manifesto CATS – Coletivo de Artistas Transmasculines