A União Europeia tinha tudo para ser um grande exemplo de gestão das vacinas nesta pandemia, mas não foi bem assim. Em julho do ano passado, o bloco econômico composto por 27 países decidiu comprar os imunizantes de forma conjunta. Desta forma, eles buscavam vantagens nas negociações, principalmente por conta do grande volume necessário, além de prestar ajuda para outros países menores, devido à dificuldade de conseguirem boas parcerias.
Levando em consideração a cláusula de que as compras dos imunizantes deveriam ter a aprovação da agência reguladora da UE (União Europeia), as doses adquiridas foram distribuídas proporcionalmente para todos os componentes do bloco. A estratégia era vista como uma das mais assertivas para consolidar a Europa como referência de melhor gestão de crise do mundo. No entanto, com a não autorização do uso da vacina russa pela Agência Europeia de Medicamentos, os países estão fadados ao atraso no processo de vacinação. Soa até mesmo como frustração do bloco em ter que reconhecer as iniciativas positivas de Putin na ciência de seu país.
Hungria e Eslováquia já romperam deste acordo inicial e autorizaram por conta própria as vacinas chinesas e russas. Deste modo, o feito deu tão certo, que a Hungria chegou à marca de mais de 26% da população com a primeira dose, acima da média europeia, e quase 10% com a segunda dose. Com o sucesso húngaro, a pressão externa aumentou sobre a União Europeia, tendendo a continuar excessiva. Quem saiu desta história totalmente satisfeito foi o presidente russo, Putin, nosso algoz semanal (Saiba por que).
Tudo indica que a vacinação continuará atrasada e sem expectativas de grandes melhorias neste processo. A União alegou que os atrasos consistem na demora natural das entregas da AstraZeneca. A responsável pela fabricação da vacina concedeu apenas 30 milhões de doses das 120 milhões prometidas. O presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou que todas as etapas precisam ser seguidas de maneira correta, sem pressa, e que reconhece que a Europa não soube lidar com agilidade devido a complexidade dos próprios trâmites legais para contratação de uma fornecedora.