Rafa Kalimann causou polêmica após usar o seu Instagram para compartilhar um vídeo, antigo por sinal, no qual um pastor explicitava o seu posicionamento sobre a homossexualidade e o relacionamento homoafetivo. No registro, o líder religioso enfatizou que respeita, mas não concorda, especialmente por conta dos preceitos bíblicos que regem suas crenças. Na imprensa, majoritariamente, veículos categorizaram a fala do religioso como LGBTfóbica.
Partilhado pela influenciadora de forma positiva, o assunto logo tomou as redes sociais, sobretudo com desinformações acerca do tema. Rafa se desculpou, mas foi acusada de homofobia por muitos internautas, o que suscitou outra indagação, que versa sobre o limite da liberdade religiosa.
Além do mais, a advogada e comentarista Gabriela Prioli , sempre didática, divulgou um vídeo em que traz à tona uma provocação no sentido de como estes comentários “respeito, mas não concordo” corroboram atitudes discriminatórias direcionadas a grupos minoritários. “Se a gente fala sobre isso pra educar e mudar o mundo e não pra afirmar a nossa superioridade moral, a gente deve pensar se faz sentido atacar quem reconhece o erro, se desculpa e aprende. Estamos todos aprendendo, galera”, destacou a profissional.
Religião e homofobia
O assunto ganhou robustez após a criminalização da LGBTfobia, termo mais abrangente, após em 13 de junho de 2019, o Supremo Tribunal Federal, Corte Suprema no Brasil, em julgamento inédito, por oito votos a três, entender por criminalizar a LGBTfobia. De acordo com os dados coletados pelo Grupo Gay da Bahia (GGB), única organização não governamental amplamente conhecida a se dedicar à pesquisa e agrupamentos de dados da violência contra LGBTI+ apontou, no ano de 2018, quatrocentas e vinte mortes , sendo que trezentas e vinte pessoas do grupo foram vítimas de homicídios e cem se suicidaram. Lembrando que LGBTfobia são atos cometidos contra LGBTs em razão da orientação sexual e/ou identidade de gênero.
Em 2019, Marco Feliciano afirmou que “cristãos estariam em perigo” com a medida pois, segundo o parlamentar, a “opinião não pode ser criminalizada”.
O tribunal, no entanto, fez ressalvas, no sentido de deixar claro que a repulsa e o cerceamento a essas condutas hostis em relação a LGBTs não restringe o exercício de liberdade religiosa, que também não é absoluto. Isto é, uma pessoa considerar a prática ‘pecado’ por conta da literatura bíblica não obtém o direito de direcionar discursos odiosos à diversidade. “Precisam aprender que liberdade de expressão não é liberdade de opressão, como dizemos no Movimento LGBTI+, e que o STF já afirmou que liberdade de expressão e religião não permitem discursos de ódio, entendidos como os que incitam a discriminação, a violência e a segregação (HC 82.424/RS e ADO 26/MI 4733)”, argumenta Paulo Iotti, doutor em Direito Constitucional diretor-presidente do GADvS (Grupo de Advogados pela Diversidade Sexual e de Gênero).