O artigo do analista Junguiano, que tem como norte o olhar psicanalítico de Jung, e sociólogo Jorge Miklos, faz uma análise sobre as dimensões da indústria pornográfica e seus impactos na vida das pessoas, e traz uma explanação interessante acerca do assunto.
Diante de tamanha expressão na produção e difusão de conteúdo pornográfico, o consumo de pornografia acompanha a mesma proporção. 90% dos meninos são expostos a pornografia; 22 milhões de brasileiros assumem consumir pornografia e 76% são homens; a maior parte é jovem (58% têm menos de 35 anos), de classe média alta (49% pertencem à classe B) e está em um relacionamento sério (69% são casados ou estão namorando). Além disso, 49% do público concluiu o ensino médio e 40% têm curso superior. Os dados são de uma pesquisa realizada pelo Quantas Pesquisas e Estudos de Mercado.
Alguns dados sobre a indústria da pornografia são impressionantes: a indústria pornográfica faz mais dinheiro que a Major League Baseball, a NFL e o NBA juntos; 12% de todo conteúdo na internet é pornográfico; 1 novo filme pornô é lançado a cada 39 minutos; MindGeek, dona da Pornhub, Brazzers e YouPorn e RealityKings está no Top 3 das empresas com maior consumo de banda no mundo, sendo as outras duas Google e Netflix; XVideos é maior que CNN, Dropbox e New York Times juntos; Pornhub tem mais acessos mensais do que Netflix, Amazon e Twitter juntos; a cada segundo são gastos 3 mil dólares em pornografia.
Assim como o vício em masturbação, que já explanamos aqui, o pornô, de forma geral, também pode acometer os adeptos. O pornô tem causado sérios danos cognitivos, emocionais e comportamentais. Cresceu mais de 100% a procura por clínicas especializadas para tratamento em vício de pornografia. Os dependentes relatam, além do vício, problemas de intimidade, isolamento e prejuízos nas relações interpessoais.
Pesquisadores que atuam nos estudos de interface entre Mídia e Psicologia observam que o consumo dos conteúdos midiáticos altera nas pessoas a sua percepção sobre a realidade. Em outras palavras, a mídia possui uma potência discursiva que interfere na organização da subjetividade, ou seja, na percepção de si mesmo, do outro e do mundo. Dessa forma, o acesso aos conteúdos produzidos pela indústria pornográfica modela a maneira de percepção da sexualidade e das relações.