Cultura

“A mídia ainda vende o gay como palhaço caricato”, aponta diretor, que cita Gil do Vigor

Ainda existe o ranço do estereótipo, a dificuldade em criar um personagem LGBT mais complexo

LGBTs nas telas (ilustrativa)
LGBTs nas telas (ilustrativa)

Quando o tema é LGBT nas telas, ao longo de mais de cinquentas anos de história, as emissoras brasileiras são alvos constantes de críticas advindas de todos os lados, e com diferentes vertentes. Dentro da diversidade, a discussão costuma ser por acoplarem LGBTs em seus enredos, mas quase sempre de forma caricatural, dentro de caixas estereotipadas. As novelas e os humorísticos lideram a lista de reclamações.

O diretor artístico Ale Monteiro, por exemplo, enxerga no audiovisual uma ferramenta para quebrar padrões sociais. Segundo ele, o público está assimilando e até mesmo incentivando essas transformações.

“Estamos vivendo um período onde esse processo ocorre de forma acelerada. Os telespectadores atualmente têm muita pressa e menos paciência porque as minorias já foram massacradas demais. Além disso, o acesso à informação é mais fácil, então uma fala preconceituosa já é considerada praticamente imperdoável e isso impacta nas relações sociais”, afirma. 

O gay ainda é anulado na sociedade porque a mídia o vende como palhaço caricato, sempre afetado e dissimulado, o que não é a realidade de muitos. Eu não sou uma piada. Tenho família, tenho estudo, e é muito mais difícil você crescer em uma sociedade que avança com a ideia de que somos parte do folclore”, explica.

“Um grande exemplo é o Gil do Vigor, ex-BBB. É um economista, chamado para ser PhD no exterior, e aqui, muitas marcas o reduzem a uma imagem engraçada e apenas isso”, acrescenta.

“Precisamos de corpos e mentes mais diversos na legislação, no judiciário, nas novelas e filmes e ocupar esses espaços por mérito e não por cota. Tratando essas questões com mais naturalidade, a gente vai construindo uma sociedade mais livre”, finaliza.

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