Um fato ocorrido dentro de uma Igreja veio a público na ultima segunda-feira (02 de agosto de 2021). Trata-se de um caso de discriminação racial e homofóbica que ocorreu durante uma pregação na Igreja Sara Nossa Terra em Nova Friburgo, Região Serrana do Rio.
Um vídeo que circula nas redes sociais onde, Karol Cordeiro, integrante da igreja, menospreza pessoas que defendem por meio de postagens temas raciais e ligados à causa LGBTQIA+, veja:
“É um absurdo pessoas cristãs levantando bandeiras políticas, bandeiras de pessoas pretas, bandeiras de LGBTQIA+, sei lá quantos símbolos tem isso aí. É uma vergonha, desculpa falar, mas chega de mentiras, eu não vou viver mais de mentiras. É uma vergonha. A nossa bandeira é Jeová Nissi. É Jesus Cristo. Ele é a nossa bandeira. Para de querer ficar postando coisa de gente preta, de gay, para! Posta palavra de Deus que transforma vidas. Vira crente, se transforma, se converta!”, diz Karol em um trecho de sua pregação.
A delegacia de policia da 151ª DP em Friburgo ao tomar conhecimento dos fatos abriu inquérito para investigar a declarações da Pregadora.
O delegado Henrique Pessoa informou que o vídeo indica a prática dos crimes de discriminação racial e homofobia, veja:
“Ali tem um teor claramente racista e homofóbico, o que configura transgressão típica. De tal modo que a pena é de três a cinco anos, com circunstâncias qualificadoras por ter sido feito em mídias sociais e através da imprensa”, explicou Pessoa.
O delegado também dia que pregadora prestará seu depoimento na quinta-feira (05), às 10h.
Vale destacar que a fala da integrante da igreja gerou manifestações de autoridades e movimentos em defesa da igualdade.
Em nota, o Coletivo Negro Lélia Gonzalez NF repudiou as expressões usadas pela pregadora e afirmou que o discurso alimenta o ódio.
“Ao se colocar de forma superior, ofende nossa população, concorda com extermínio da juventude negra assim como as operações em territórios periféricos e favelados resultando em chacinas, normaliza desaparecimento de nossas crianças, naturaliza o feminicídio que incidente nas mulheres negras cis e trans, o primeiro lugar de morte de mulheres trans e travestis no Brasil, nosso encarceramento em massa nas senzalas modernas, aceita a política de genocídio através da pandemia e não o seu combate e prevenção”, diz trecho da nota.
Em matéria publicada no dia 27 de julho de 2021 esta coluna informou sobre o crime de homofobia e quando ocorre. Na mesma oportunidade explicou que crime de homofobia não alcança a liberdade religiosa, mas desde que essa liberdade não configure discurso de ódio.
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