O sexo lésbico é um assunto cercado por centenas de mitos. Há muitos anos, além das dúvidas relacionadas ao tema, existe também um grande tabu em volta, principalmente devido ao conservadorismo que trata a questão como algo absurdo.
Muito do que se é conhecido a respeito do sexo lésbico vem das referências deixadas pelo pornô heteronormativo, fato que dificulta que as pessoas tenham acesso às informações que realmente são verdadeiras. Pensando nisso, o Observatório G decidiu conversar com mulheres lésbicas da vida real, para contar suas experiências e acabar de uma vez por todas com os mitos que rondam o assunto.
Nós batemos um papo descontraído com Madu Prado de 24 anos, e com a designer gráfico e ilustradora Vitória Silva, de 26 anos. As duas falaram abertamente sobre o assunto e contaram o que acham que é necessário para que o tema deixe de ser algo tão cheio de mistérios.
Madu conta que já passou por situações constrangedoras na hora do sexo devido a pessoa com a qual se relacionava não saber o que estava fazendo. Informação que deixa de lado o mito de que todas as mulheres lésbicas são “profissionais” no sexo oral, além de outras ilusões que muitos acreditam que exista durante a relação entre duas mulheres.
“Tem muita mulher que não conhece o próprio corpo. Então, se eu não conheço meu corpo como vou proporcionar prazer a alguém, certo? Já tive experiência com menina que teve muitos parceiros homens e só metia, outra que só queria chupar ou ser chupada, porque o sexo lésbico ‘é só dedo e língua'” disse ao decorrer da entrevista.
As duas falaram também sobre os estereótipos criados pelo pornô lésbico e como isso afeta as mulheres que realmente fazem parte dessa comunidade. Nesse ponto elas compartilham a mesma opinião, de que os filmes são voltados para homens e muitas lésbicas acabam reproduzindo o que veem por tomarem aquilo como uma verdade absoluta.
“O pornô lésbico foi feito pra homem hétero se satisfazer e fetichizar (a palavra é essa?). O que é um problema já que as mulheres acabam achando que aquilo é o certo” afirma Madu. “Acho que pornô lésbico é feito para homens, porque o sexo lésbico é muito diferente do pornô, principalmente porquê no pornô você não tira o gato do quarto” complementou brincando Vitória.
“E no pornô as mulheres sempre estão de unhas imensas, com coisas surreais” concluiu. A ilustradora aproveitou a deixa para falar a respeito de outro assunto muito abordado dentro do tema, e compartilhou seu pensamento sobre a questão das unhas na relação lésbica. “Unha é sinal de higiene, é extremamente importante cortar, não dá pra ser lésbica de unha grande” afirmou.
“Depende do tamanho da unha né, se ela for grande não tem como, machuca, ainda mais se a pessoa não souber fazer. Tem como ter unha grandinha, mas tem que ter muito cuidado e saber o que tá fazendo” disse Madu expressando sua opinião a respeito.
Nós perguntamos a elas o que acham necessário para que os mitos que cercam o sexo entre mulheres deixem de existir, para que mulheres lésbicas que estão se descobrindo não cheguem a cometer os erros causados por eles. “Mais informação sobre o sexo lésbico e que tenham muitas conversas com mulheres mais experientes” diz Vitória. “Informação. Acho que as mulheres têm vergonha de perguntar. Falta o som do tabu quebrando” enfatizou Madu Prado.
É importante ter acesso a informações reais sobre assuntos considerados um tabu pela sociedade, para que, ao possuir a compreensão dos temas, as pessoas não reproduzam coisas irreais, e que as mesmas possam se sentir confortáveis e seguras. Essa matéria foi feita com a função de levar a todos o conhecimento a fim de que os erros causados pela desinformação a respeito do tema abordado sejam reduzidos.