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Entrevista

Fernando Holiday diz como gays de direita defendem a pauta LGBT

Nos últimos meses, anunciou a sua saída do MBL

Publicado em 21/09/2021

LGBTs estão em todos os meios, seja ele cético ou religioso, dinâmico ou mais sóbrio, a diversidade compõe a sociedade. Nesse sentido, cada um estabelece a sua forma de enxergar as coisas. A visão de mundo é uma janela conceitual, por meio da qual nós percebemos e interpretamos o mundo e isso vai variar de sujeito para sujeito. Nossas filosofias, posicionamentos políticos e ideológicos são oriundos desta pré-compreensão.

Fernando Holiday, por exemplo, é conhecido por defender amplamente a causa liberal. Gay assumido, foi eleito com 48.055 votos nas eleições de 2016. Em entrevistas, mostra repertório dentro daquilo que se propõe defender. Em entrevista ao Observatório G, o político discorre sobre as pautas LGBT+ inseridas em uma ótica de direita.

1 – Quem estudou a fundo o movimento LGBT no Brasil, sabe que a esquerda muitas vezes não o apoiou, pois a preocupação era mais direcionada à luta do proletariado. Porém, com as transformações da sociedade, hoje ela é quem mais levanta esta bandeira com veemência, seja por oportunismo ou ideal, mas traz o tema à tona. Um LGBT+ consegue encontrar na direita o acolhimento necessário em pautas sobre violência, saúde, por exemplo, ou esta não é uma preocupação? 

A direita precisa evoluir muito ainda nestes debates. Eu acredito que a direita mais conservadora ignora totalmente o debate em relação à comunidade LGBT. Mas eu vejo crescer na direita liberal uma preocupação maior em relação aos problemas que atingem mais especialmente a população LGBT. Um exemplo disso é o próprio Livres, que propõe cada vez mais discussões sobre essas questões, e eu pretendo também me colocar dentro deste debate e trazer estes temas para este meio.

2 – Vocês criticam os movimentos coletivistas de forma geral. Por que? Você não acha que o movimento seria uma forma eficiente de pessoas, com as suas experiências pessoais, ecoar e intensificar algumas questões que sejam parecidas, mas sem perder a individualidade, e com isso garantir direitos? 

Na verdade, a união de pessoas em torno de movimentos para defender uma causa é uma experiência que todo liberal defende ou deveria defender. Nós temos grandes exemplos, por exemplo, na história americana com Martin Luther King na causa negra e Harvey Milk em torno da causa LGBT, mais especificamente em defesa dos direitos dos gays. A crítica, na verdade, é a radicalização de alguns destes movimentos que buscam caminhos como o ataque à religiosidade e o ataque ao cristianismo como maneiras de reivindicar os seus direitos. Esse caminho de desrespeito mútuo certamente critico, pois não acho que seja o melhor meio de vencer o preconceito de forma geral. Mas o movimento LGBT em sua origem, na sua raiz, que é a luta pelos direitos iguais, união civil, a luta para não sofrer violência em função da orientação sexual, adoção de crianças, são lutas e defesas de direitos mais do que dignas.

3 – É possível encontrar alguma harmonia entre esquerda e direita? Isto é, um sujeito pode extrair algo que ele concorde e defenda nestes dois espectros ou seria incoerente?

Acredito que existam algumas coisas que são comuns, especialmente na direita liberal. Como disse na resposta anterior, o casamento entre pessoas do mesmo sexo e a adoção de crianças por esses casais, me parece, por exemplo, ser uma pauta comum – esquerda e direita liberal. Mesmo na direita conservadora, não reacionária, é possível você encontrar, por exemplo, a defesa comum às liberdades individuais. Não a esquerda radical, que defende a ditadura do proletariado, assim como a direita radical, que defende a volta da ditadura militar. Nestes aspectos, elas se assemelham na defesa do autoritarismo. E a direita e esquerda mais moderadas, defendem em comum liberdades individuais, o direito à liberdade de expressão e democracia. Existem conceitos amplos que ambas defendem.

4 – Há alguns meses, você disse que defenderia a pauta LGBT dentro de uma ótica liberal, que a superação do preconceito seria proficiente com o empreendedorismo forte, como seria isso? 

Eu acredito que um dos meios de você fortalecer a população LGBT é organizar encontros entre empresários LGBTs e até mesmo, talvez, desenvolver políticas públicas, como o desenvolvimento de uma semana temática ou alguns encontros que ajudem a inspirar pessoas LGBTs a terem o seu próximo negócio. Inspirar também profissionais LGBTs a terem programas de profissionalização e capacitação profissional, para pessoas LGBT em situação de vulnerabilidade social. Por meio do empreendedorismo, essas pessoas podem ajudar a desenvolver a economia e colaborar com pessoas que tenham histórias parecidas. Adolescentes gays expulsos de casa, travestis e transexuais que recorreram à prostituição por necessidade. Essa troca de experiências entre a comunidade LGBT no que tange ao empreendedorismo, porque o sucesso acaba sendo uma arma forte contra a homofobia e o preconceito. Mas veja que não falo aqui de ações específicas do Estado, mas um incentivo para a própria iniciativa privada se organizar em torno dessa causa.

5 – Para um conservador, tudo o que mexe na estrutura da sociedade que ele considera correta/normal – pai, mãe, filho, religião/’virtudes’, que seriam, também, os pilares da civilização, foge da ordem e deve ser visto como caos. Acredito que Jordan Peterson, Psicólogo clínico, e outros teóricos tenham falado dessa coisa de ordem e caos, tradição, enfim. A prova disso é que qualquer pauta pró-LGBT eles surtam e já enxergam como ‘destruição da família’.  Eu sei que ser de direita não necessariamente implica em ser conservador. Mas têm LGBTs que se dizem conservadores. Com a sua experiência na direita, acha que é possível ser um LGBT conservador e ainda manter a coerência?

LGBT, na minha visão, pode ter qualquer tipo de ideologia e ainda manter a coerência. Levando para o aspecto mais religioso, você tem, por exemplo, a igreja católica, que considera que a homossexualidade é uma tendência natural do ser humano que acomete algumas pessoas desde os primeiros momentos da vida. A pessoa precisa aceitar esta tendência, mas, ao mesmo tempo, a igreja diz que essa pessoa não pode ter relações sexuais com pessoas do mesmo sexo. Veja, suponhamos que alguém siga por este caminho – essa pessoa é gay, é LGBT, mas não tem relações sexuais com pessoas do mesmo sexo, ou seja, é um gay conservador, é possível e conheço pessoas que seguiram este caminho. É só uma questão de você ter coerência com o que está dentro de suas crenças, ideologias, religiosidade. Existem também os que se dizem gays conservadores, não são católicos, mas defendem que, ser gay conservador, não necessariamente é defender a família tradicional, mas defender um modelo de família. No caso, duas pessoas do mesmo sexo, tendo os seus filhos e longe de um ambiente de promiscuidade, com vários parceiros, por exemplo. Seguindo uma religião que seja mais progressista, como existem muitas. Há muitos que entendem isso como uma definição de conservadorismo. Acho que é possível, dentro dessas diferentes leituras de conservadorismo, LGBTs conservadores.

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