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Léo Lins acende debate sobre relacionamento aberto e pegação lésbica

O humorista acabou inflamando uma discussão sobre relacionamento aberto

Léo Lins
Léo Lins (Reprodução: SBT)

Leo Lins acendeu um debate sobre relacionamento aberto recentemente, após dizer que, dentro de sua relação, Aline Mineiro, participante de A Fazenda 2021, só pode ficar com mulheres. Bissexual assumida, Aline tem trocado beijos quentes com Dayane Mello.

O humorista acabou inflamando uma discussão sobre relacionamento aberto e, mais do que isso, o lugar das mulheres neste tipo de relação. Tachado de machista por alguns internautas, Lins foi tema de diversas matérias que problematizaram a declaração, com pautas como machismo, patriarcado, biafetividade de mulheres e a fetichização, dentre muitas outras, como se fosse possível moldar o desejo de alguém à sua maneira de enxergar o mundo.

Por mais que você considere machista um cara sentir tesão ao ver duas mulheres ‘corpo padrão’ transando, o desejo dele não vai mudar, porque corresponde ao subjetivo, a pulsão sexual, a atração, ao psíquico. Na psicanálise, o desejo seria “movimento em direção à marca psíquica” que costuma ser propiciado por uma falta, que se mantém sempre insatisfeito.

Relação aberta

Em primeiro lugar, existem diferentes tipos de relacionamento aberto e nós tratamos deste tema diversas vezes. O “monodesejo”, que é a afetividade sem a possibilidade de expansão”, que o sociólogo Edgar Morin já expôs em algumas obras, é fruto de um produto extremo de séculos sobre séculos de influência cristã e cultural. E, até hoje, a maioria das pessoas prefere direcionar a sua relação desta forma, já que o relacionamento aberto pediria muita confiança, segurança e o desprendimento. O ser humano tem uma necessidade de ‘pertencimento’, seja a um grupo ou uma relação romântica, de ter algo para chamar de seu para se sentir confortável.

Diferentemente do poliamor, que estaria mais próximo de um trisal, por exemplo, os casais abertos são aqueles em que há uma espécie de contrato entre os parceiros. Isto é, algo delimitado, estipulado e consentido somente entre as partes. O êxito desta relação vai depender de ações e das estratégias adotadas pelos sujeitos. Se o acordado for que a mulher só pode ficar com outra mulher e isso for consentido por ela, a relação será promissora se assim se suceder. Se nas regras o parceiro só pode ficar com outro desde que avise antes, se você beijar escondido e o marido descobrir vai dar briga.

Em relação à orientação sexual bi e o fato de o cara ‘se aproveitar da bissexualidade da parceira para trazer mais mulheres para relação’, também parte de um combinado. Algumas mulheres têm, de fato, desejos e fantasias com outras mulheres, e gostam de satisfazer estes desejos tendo o seu parceiro olhando, aquilo parte dela. A satisfação do gozo é também o namorado vendo e se excitando com a cena. Essa questão da fantasia com o masculino e feminino está bem demarcada em  Chabert, Père ou Mère ? Entre bisexualité psychique et différence des sexes, quando há a coexistência de dois no psiquismo – masculino e feminino. Dessa forma, a mulher pode ter um namorado, uma relação aberta, e a fantasia dela, dentro dessa relação, só ser com outras mulheres. Aquele relacionamento será visto como machista, mas na verdade ele só compõe o desejo dos envolvidos na relação. Já existem mulheres bissexuais que querem fugir dessa fetichização que os homens costumam ter, então, em uma relação aberta, o contrato deve ser feito de outra forma, para não causar sofrimento futuro, insatisfação, angústia.

As discussões, de forma geral, são válidas, levantar temas, propiciar uma reflexão também, mas é preciso considerar que os desejos são subjetivos, plurais e competem ao sujeito.